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Briga de trânsito nos EUA termina com homem sendo morto diante da família

Robert Doyle matou homem após briga de trânsito na Flórida - Polícia do Condado de Citrus
Robert Doyle matou homem após briga de trânsito na Flórida Imagem: Polícia do Condado de Citrus

28/07/2015 20h00

"Estou com minha arma carregada e pronta para usar porque um maníaco está tentando me tirar da pista." Essas palavras foram ditas por Robert Doyle, de 51 anos, ao serviço telefônico de emergências da polícia americana.

Ao mesmo tempo, uma mulher também ligava para o 911 --telefone para emergências nos Estados Unidos-- para contar, nervosa, que seu marido, Candelario González, de 44 anos, seguia Doyle pelas ruas de Beverly Hills, localidade próxima a Tampa, na Flórida.

A razão para a perseguição: "Porque ele (Doyle) dirigia como um idiota".

O que era para ser incidente corriqueiro --uma briga de trânsito-- acabou em tragédia: Doyle disparou cinco tiros contra González, que morreu.

As gravações, divulgadas na segunda-feira pela polícia do condado de Citrus, registraram o que os ocupantes de ambos os veículos disseram aos atendentes do 911 durante a perseguição, ocorrida na quinta-feira.

Diálogos perturbadores

Tudo começou com uma disputa pelas faixas das ruas.

González estava em sua caminhonete com sua mulher, uma filha de 8 anos e um neto de 7. Doyle, apenas com a mulher.

Depois de concluir que Doyle dirigia de forma muito agressiva, González decidiu segui-lo até sua casa para, com posse de seu endereço, apresentar uma denúncia formal.

Foi nesse momento que tanto Doyle como Cathy, mulher de González, ligaram para o 911.

Na ligação de Cathy, é possível ouvir González dizer: "Vamos segui-lo até sua casa". O atendente pede que ele não faça isso: "Não, não, não".

Na outra chamada para o 911, Doyle diz ao atendente: "Estão me seguindo até a minha casa e as armas já estão para fora".

Enquanto isso, Cathy se exalta: "Estamos em uma camionete com um trailer. Não se pode dirigir como um idiota".

Doyle então avisa ao 911: "Tenho um caminhão. Algum maníaco está me seguindo. Está tentando me tirar da rua. Minha arma está carregada e pronta".

Durante perseguição ocorrida em ruas da Flórida, atendente do 911 ordenou ao motorista que desistisse de seguir o outro veículo; ele não atendeu ao pedido | Foto: Thinkstock

Segundo relatos da imprensa americana, os dois veículos pararam diante da cada de Doyle.

É possível ouvi-lo gritando para González e para a polícia: "Filho da... eu tenho uma arma! Mandem alguém aqui agora!"

Cathy pede, em tom de desespero: "Não atire!". Logo são ouvidos cinco disparos.

"Ele acaba de atirar no meu marido", relata Cathy na gravação. "Não sei quantas vezes ele foi atingido, mas foram vários disparos. O cara continuou atirando! Meu Deus, ele matou o meu marido!"

Ela pede ajuda, enquanto grita e chora: "O filho da... está me fazendo sair da camionete com minha filha. Vocês têm de me ajudar, por favor!".

O atendente responde: "Os agentes chegarão o mais rápido possível. Faça o que ele pede".

Uma testemunha assegura que González estava recuando quando Doyle apontou a arma. Segundo a autopsia, três tiros atingiram as costas da vítima.

A mulher de Doyle contou uma história diferente ao atendente do 911: "Estávamos na parte da frente da casa. Ele (González) parou no meio da rua e veio em direção ao meu marido".

Doyle fez a mulher da vítima e as crianças saírem do carro e manteve a arma apontada contra eles até que a polícia chegou ao local.

Homicídio doloso

Robert Doyle, que tem permissão para portar armas, desde que não estejam à vista, foi detido e acusado de homicídio doloso (quando há a intenção de matar) e agressão, por ter obrigado Cathy e as crianças saírem do veículo.

No dia seguinte, deixou a cadeia após o pagamento da fiança de US$ 60 mil (R$ 203 mil).

Alguns especialistas acreditam que, por se tratar de um confronto ocorrido em sua propriedade, Doyle pode alegar que agiu em legítima defesa.

Porém, será difícil explicar por que manteve a família de González sob a mira de sua arma enquanto as forças de seguranças se dirigiam até o local.

O funeral de González será na próxima sexta-feira.

Vítimas da fúria ao volante

O caso de Robert Doyle e Candelario González, por mais surpreendente que pareça, não é incomum.

Segundo a Fundação para a Segurança no Trânsito da seguradora norte-americana AAA, ocorrências desse tipo vêm aumentando desde 1990.

A organização dá conselhos para quem se depara com pessoas agressivas ao volante:

  • Manter a calma
  • Não responder a provocações nem devolver gestos obscenos
  • Evitar contato visual com um motorista agressivo
  • Bloquear as portas do veículo
  • Denunciar comportamentos agressivos aos guardas de trânsito
  • Se perseguido, não dirigir até sua casa, mas até uma estação de polícia ou a um edifício público