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Dalai-lama diz que eventual sucessora tem de ser 'atraente'

Hannah McKay/EFE
Imagem: Hannah McKay/EFE

24/09/2015 07h20

Em declaração controversa, o líder espiritual tibetano dalai-lama, que já disse ser um "feminista", afirmou que uma eventual sucessora teria que ser "atraente", pois de outro modo "não teria muito uso".

"Essa mulher deve ser atraente, senão não seria (de) muito uso", afirmou ao jornalista da BBC Clive Myrie, em resposta a uma questão sobre a possibilidade de ser sucedido por uma mulher.

Em um tom entusiasmado, o líder espiritual budista confirmou que sim, citando uma entrevista anterior em que destacara o maior potencial biológico das mulheres "para mostrar afeição e compaixão".

"Há muitos problemas no mundo de hoje - é um mundo problemático. Penso que as mulheres devem assumir um papel mais importante", afirmou.

O dalai-lama então se inclinou em direção ao repórter e afirmou com um sorriso: "E (eu) disse à repórter: 'Se vier uma dalai-lama mulher, seu rosto deveria ser muito atraente'".

Aparentando surpresa, o jornalista pergunta se o dalai-lama estava brincando, ao que o monge de 80 anos responde: "É verdade".

Em 2009, ao receber um prêmio nos EUA, o dalai-lama, cujo nome verdadeiro é Tenzin Gyatso, afirmou: "Eu me considero um feminista. Não é assim que vocês chamam alguém que luta pelos direitos das mulheres?"

As declarações motivaram críticas em sites e blogs feministas. Enquanto alguns apontavam tom de piada nas afirmações e defendiam que não fossem levadas tão a sério, outros comentários atacaram o budismo como "religião patriarcal".

Dalai-lama e Tibete

Pela tradição do budismo tibetano, quando chegar a perto dos 90 anos, o dalai-lama decidirá, com outros líderes espirituais, se um sucessor deverá assumir como o 15° dalai-lama.

Na entrevista à BBC, o dalai-lama reforçou declarações anteriores que lançam dúvidas sobre o futuro do posto de líder espiritual, ao afirmar que cabe ao povo do Tibete decidir "se a instituição do dalai-lama deve continuar ou não".

O Tibete foi um Estado independente até 1959, quando tropas do líder comunista Mao Tse-Tung invadiram e anexaram a região à China.

Jovem líder do Tibete à época, o dalai-lama fugiu para a Índia e vive até hoje no exílio, de onde promove a defesa da independência do território.

O monge, que é a 14ª encarnação do espírito do dalai-lama, recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1989.

Na entrevista à BBC, ele também foi questionado sobre a atual crise dos refugiados na Europa, e afirmou que países da região não devem rejeitar imigrantes apenas por sua condição de muçulmanos.

"O Islã, como qualquer outra religião, professa uma mensagem de amor e perdão", disse ele, que também condenou o uso da violência como meio de resolução de conflitos no Oriente Médio.

"A não ser que você lide com o problema de uma maneira não violenta, hoje (haverá) um Bin Laden, depois de alguns anos dez Bin Ladens, e alguns anos depois cem Bin Ladens poderão vir."