Topo

Crise na Síria: Assad critica coalizão dos EUA e alerta para 'destruição no Oriente Médio'

O presidente da Síria, Bashar Assad (à dir.), afirmou que aliança formada por Rússia, Irã, Síria e Iraque deve "ter sucesso" - Sana/EPA/EFE
O presidente da Síria, Bashar Assad (à dir.), afirmou que aliança formada por Rússia, Irã, Síria e Iraque deve "ter sucesso" Imagem: Sana/EPA/EFE

04/10/2015 19h44

A situação na Síria tem piorado a cada dia e, se a coalizão entre o próprio país, a Rússia, o Irã e o Iraque não for bem-sucedida, haverá "destruição no Oriente Médio". A frase é do presidente da Síria Bashar al-Assad em entrevista a uma televisão estatal local.

Assad criticou a coalizão liderada pelos Estados Unidos e os ataques aéreos na Síria e no Iraque comandados pelos americanos dizendo que eles são "contra-produtivos" e que só fizeram o terrorismo se espalhar ainda mais.

Enquanto isso, a Rússia segue atacando a região e tendo como alvo as chamadas posições controladas pelo grupo que se autodenomina "Estado Islâmico".

Enquanto ativistas locais e os Estados Unidos criticam a atitude do governo de Moscou por supostamente estar "focada em atingir grupos rebeldes contrários ao regime de Assad" - e não o EI -, o governo sírio reitera seu apoio aos ataques liderados pelo Kremlin.

Segundo Assad, Síria, Rússia, Irã e Iraque estão unidos para combater o terrorismo e vão atingir "resultados práticos", ao contrário da coalizão liderada pelos Estados Unidos.

Os adversários internacionais de Assad defendem a saída do presidente sírio como solução para a guerra civil que já dura quatro anos no país - apesar de alguns países do Ocidente já concordarem com a permanência dele por um período de transição.

Do outro lado, Assad rebate: "A discussão sobre o sistema político da Síria é uma questão interna da Síria."

Apoio russo

O Ministro da Defesa da Rússia, Sergei Ivanov, disse neste domingo que os bombardeios aéreos comandados por Moscou atingiram 10 alvos do EI na Síria nas últimas 24 horas - incluindo postos de comando, um campo de treinamento, locais de armazenamento de munição e uma oficina de fabricação de dispositivos explosivos, como cintos suicidas.

Ivanov disse que os ataques aéreos russos, que começaram na quarta-feira, ainda serão expandidos.

"Como resultado de nossos ataques aéreos ao EI, conseguimos atrapalhar o sistema de controle deles e causamos danos significativos à infraestrutura utilizada para preparar atos de terrorismo", afirmou.

Mas, segundo ativistas sírios, os ataques russos na região de Homs mataram pelo menos duas crianças e um pastor e feriram 15 pessoas.

As autoridades sírias teriam detido uma importante figura da oposição poucos dias depois de ela ter criticado os ataques russos à região. Munzer Khaddam, porta-voz do Comitê Nacional de Coordenação para Mudanças Democráticas, foi preso em um posto de controle perto da capital Damasco, segundo relatos de autoridades à agência de notícias AFP.

Reação internacional

A Turquia e o Reino Unido já condenaram a intervenção militar russa na Síria em apoio ao presidente Assad. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, descreveu a atitude russa como "um erro grave" que iria isolar ainda mais Moscou.

Em Londres, o primeiro-ministro David Cameron disse que as ações russas levariam a uma radicalização ainda maior e a mais terrorismo.

"Tragicamente, o que aconteceu é que a maioria dos ataques aéreos russos, pelo que nós vimos até aqui, foram em partes da Síria controladas por grupos opositores ao regime de Assad e não pelo EI."

"Então o que acontece é que eles estão apoiando o Assad, o que é um erro terrível para eles e para o mundo; isso vai aumentar ainda mais a instabilidade da região e vai levar a uma radicalização maior."

"Eu diria para eles: mudem, juntem-se a nós no combate ao EI, mas reconheçam que, se queremos uma região segura, precisamos de um outro líder, que não Assad. Ele não pode unir o povo sírio", completou.