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Ex-militar conta como sobreviveu a ataque de tubarão

07/10/2015 05h11

A elevada frequência de ataques de tubarão está preocupando autoridades da Austrália. Neste ano houve 29 ataques - que resultaram em duas mortes e 18 feridos. Uma vítimas que sobreviveu a um ataque narrou à BBC os momentos dramáticos que quase lhe custaram a vida.

Paul de Gelder foi atacado em fevereiro de 2009.

O ex-militar participava de um treinamento contraterrorista no porto de Sydney quando teve a perna arrancada por um tubarão de 2,7 metros.

Ele foi atacado quando nadava na superfície.

"Não doeu tanto quando o tubarão me mordeu. Eu senti como se alguém tivesse me batido na perna com um taco de cricket", disse.

"A dor começou quando ele me chacoalhou. Eu não consigo nem descrever o quanto aquilo foi doloroso", disse ele.

Só em Nova Gales do Sul - o Estado mais populoso do país - foram registrados 13 ataques, um deles fatal.

Isso ocorre ao mesmo tempo em que o número estimado de tubarões na região diminui.

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Uma teoria é a de que mudanças nas correntes marítimas estão levando as criaturas para cada vez mais perto das praias, segundo o pesquisador David Powter, da Universidade de Newcastle, em Nova Gales do Sul.

"Eu tendo a pensar que temos uma confluência de fatores. Temos as correntes trazendo mais peixes isca. Peixes maiores seguem essas iscas - e os predadores os seguem", disse ele.

Os tubarões-brancos, os tubarões-touro (também conhecidos como cabeça-chata) e os tubarões-tigre são os principais culpados de ataques selvagens contra nadadores, surfistas e mergulhadores.

Segundo o biólogo marinho Marty Garwood, os dados disponíveis mostram que o número de tubarões está em um nível "historicamente baixo" devido principalmente à pesca.

Segundo ele, apesar de picos esporádicos como o que ocorre na Austrália, as pessoas que frequentam o mar para fazer esportes serão sempre mais vulneráveis a ataques que os demais.

"Surfistas e mergulhadores tendem a ficar mais afastados da costa. Os surfistas em particular formam uma silhueta, do ponto de vista do fundo do mar, que se parece com uma foca ou uma tartaruga".

"Então um grande tubarão-branco pode tentar checar se trata-se de uma tartaruga ou uma foca. Essa mordida inicial é o que mais fere os surfistas desafortunados que estão no lugar errado, na hora errada", disse ele.

Prevenção

Cerca de 70 especialistas internacionais em tubarões se reuniram recentemente em Sydney para discutir tecnologias que podem tentar prevenir ataques.

As opções debatidas incluíam barreiras magnéticas, redes flexíveis de plástico e aplicativos de telefone em tese capazes de rastrear tubarões (por meio de localizadores) em tempo real.

Os recursos em uso atualmente são principalmente o uso de redes em ao menos 50 praias de Nova Gales do Sul, monitoramento aéreo e por salva-vidas.

Mas Vic Peddemors, cientista do governo australiano, disse que medidas protetoras mais efetivas são necessárias.

"O risco de um ataque de tubarão é extraordinariamente baixo, mas infelizmente é um evento muito traumático que gera um impacto massivo não apenas na vítima, mas em sua família e em testemunhas na praia", disse.

"Isso também atinge a economia e o turismo. Vários locais no mundo cuja economias dependem do turismo sofrem grandes quedas como resultado de ataques", afirmou Peddemors.