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Alemanha enfrenta aumento de ataques contra abrigos de imigrantes

Ginásio esportivo usado como abrigo para refugiados foi incendiado em Wertheim, na Alemanha - Rene Engmann/EFE
Ginásio esportivo usado como abrigo para refugiados foi incendiado em Wertheim, na Alemanha Imagem: Rene Engmann/EFE

10/10/2015 07h03

O governo alemão informou que ocorreram quase 500 ataques contra abrigos para refugiados no ano de 2015, um número três vezes maior do que o registrado em 2014.

O ministro do Interior do país, Thomas de Maizere, afirmou que este tipo de violência é "vergonhosa" e acrescentou que dois terços dos ataques foram feitos por moradores locais que não tinham antecedentes criminais.

A Alemanha espera receber pelo menos 800 mil refugiados em 2015.

Líderes da região da Baviera, uma das que mais recebe refugiados, exigiram que o governo alemão imponha limites ao número de refugiados entrando no país.

O governo do Estado da Baviera é de um partido conservador, o CSU, que formalmente é aliado ao partido da chanceler Angela Merkel, os Democratas Cristãos (CDU). Mas eles fazem oposição à política de Merkel de abrir as portas aos refugiados.

Muitos dos imigrantes que chegam à Europa central pelos Balcãs já disseram que querem chegar à Alemanha.

A população alemã, por sua vez, está dividida quando à política de Merkel de receber refugiados da Síria, Iraque e outras zonas de conflito. Esta política não se estende aos imigrantes econômicos de países que não fazem parte da União Europeia.

Ataques contra albergues

Maizere pediu medidas mais duras contra os que atacaram refugiados. Alguns dos ataques foram contra prédios vazios, mas também foram atacados albergues ocupados por imigrantes.

O ministro afirmou que os responsáveis por estes ataques "devem compreender que eles estão cometendo crimes inaceitáveis: agressão, tentativa de homicídio, incêndio criminoso".

Em uma declaração feita na sexta-feira, o governo da Baviera ameaçou ir à Corte Constitucional Alemã para coagir o governo federal a impor um limite no número de refugiados que entram na Alemanha.

As autoridades em Munique informaram que, entre os dias 5 de setembro 1º de outubro a Baviera recebeu 241 mil imigrantes, dos quais 86 mil foram enviados para outras regiões da Alemanha.

Em uma entrevista coletiva, o premiê do Estado da Baviera, Horst Seehofer, afirmou que "precisamos restringir a imigração para manter a solidariedade do público com aqueles que precisam de proteção".

Seehofer também afirmou que o limite no número de imigrantes e refugiados que entram no país também é necessário "para garantir nossa segurança doméstica".

Para o premiê da Baviera o fluxo não significa uma ameaça terrorista, mas "é uma questão de criminalidade no sentido mais amplo".

Em 2016 a Baviera tem planos de designar mais de 3.700 funcionários públicos para lidar com a situação dos imigrantes.

A vice-premiê da Baviera, Ilse Aigner, afirmou que a Alemanha poderia esperar a chegada de até 7 milhões de refugiados devido ao fato de muitos familiares conseguirem se reunir legalmente aos que já conseguiram asilo no país.

Seehofer acrescentou que a Baviera teria que ter o direito de recusar a entrada de imigrantes em sua fronteira com a Áustria. Mas é a polícia federal da Alemanha, e não a polícia da Baviera, que cuida dos controles nas fronteiras.