Topo

China abre parque de diversões comunista; veja atrações curiosas no país

Trabalhador monta bandeira chinesa criada com flores para celebrar o Dia Nacional da China, em Hefei - AFP
Trabalhador monta bandeira chinesa criada com flores para celebrar o Dia Nacional da China, em Hefei Imagem: AFP

BBC Mundo

10/10/2015 08h24

O chamado "turismo vermelho", que exalta a história e os valores comunistas, parece estar cada vez mais na moda na China.

Porém, a ideia de inaugurar um parque de diversões dedicado exclusivamente ao Partido Comunista não tem sido necessariamente um êxito se considerarmos os comentários nas redes sociais.

O maior parque desse tipo acaba de abrir suas portas em Wuhan, no centro do país, a tempo para a chamada "Semana Dourada", que, composta por uma série de feriados, impulsiona o turismo no país.

Sua aparência austera, no entanto, não tem impressionado. E há ainda quem classifique o local como uma tentativa de "lavar o cérebro" da população.

O objetivo autodeclarado do parque é ajudar os visitantes a compreender melhor conceitos como o de "socialismo com características chinesas" e as "extraordinárias contribuições" das figuras históricas do partido.

Entre suas atrações se destaca uma bandeira dos Jovens Pioneiros e uma escultura iluminada com os valores do Partido Comunista da China.

"Está incompleto. Faltam algumas estátuas de funcionários corruptos para que a gente possa cuspir em cima", afirmou no Weibo, rede social mais usada no país, o usuário Netizen H_Helios.

"Esse tipo de lavagem cerebral é feito com o dinheiro dos contribuintes", disse o internauta Wowowojiubu na mesma plataforma.

O parque recém-inaugurado deverá enfrentar a concorrência de um Disney Resort em Xangai, previsto para 2016. Além disso, o estúdio Universal planeja abrir uma atração semelhante em Pequim, em 2019.

Já não faltam, porém, opções no país para os interessados em lugares peculiares e, digamos, menos ideológicos. Confira algumas delas:

Pato - Greg Baker/AFP - Greg Baker/AFP
O pato dourado faz parte do acervo do Museu do Pato, no restaurante Quanjude, em Pequim (China)
Imagem: Greg Baker/AFP

O Museu do Pato Assado

Visitar museus pode dar fome, o que, sem dúvidas, é uma boa notícia para a rede de restaurantes Quanjude, que está por trás do Museu do Pato Assado de Pequim.

O espaço tem modelos de argila que demonstram o processo de preparação do prato e fotos de personalidades, como Charlie Chaplin, degustando o "pato de Pequim".

Embora possa parecer um tema estranho para um museu, esse é apenas um exemplo de uma tendência que vem levando à abertura, anualmente, de centenas de museus de todos os tipos no país.

Melancia - Gao Jianjun/Xinhua - Gao Jianjun/Xinhua
Juízes avaliam a doçura das melancias durante festival da fruta no distrito de Daxing, na China
Imagem: Gao Jianjun/Xinhua

O Museu da Melancia

Uma dica de museu para os interessados em um alimento mais saudável que o pato laqueado é o criado no distrito de Daxing, em Pequim, em homenagem à melancia.

Esse templo dedicado à popular fruta dá ricos detalhes sobre sua história, propriedades e métodos de cultivo.

E a localização não é algo acidental: esse distrito do sul da capital chinesa é famoso por sua produção de melões e melancias.

Guerrilheira - Jason Lee/Reuters - Jason Lee/Reuters
Homens se vestem de soldados em parque temático sobre a vida guerrilheira em Shanxi
Imagem: Jason Lee/Reuters

O Parque da Vida Guerrilheira

No ano passado, a agência estatal Xinhua noticiou a existência de um parque temático dedicado à vida guerrilheira, instalado na província de Shanxi, no norte do país.

Segundo a agência, o parque "permite aos turistas experimentar a vida de guerrilheiros" por meio da representação de histórias de guerras e de passeios pelo condado de Wuxiang, de onde operavam muitos dos antigos heróis revolucionários da China.

Titanic - Claro Cortes/Reuters - Claro Cortes/Reuters
Família chinesa posa para foto de suvenir em frente à pintura do navio Titanic em Xangai
Imagem: Claro Cortes/Reuters

O Parque do Titanic

Dada a sua trágica história, muitos diriam que reconstruir o Titanic - navio que afundou após se chocar com um iceberg em 1912 - não é a melhor das ideias.

Porém, o Seven Satr Energy Investment Group parece estar decidido a fazer com que uma réplica do barco seja a principal atração do parque de diversões que está construindo na província de Sichuan.

Segundo o tabloide chinês "Global Times", o custo do projeto é estimado em cerca de US$ 157 milhões (R$ 597 milhões).

O dono do estaleiro que está construindo o barco reconheceu, para a imprensa local, que a tarefa é um grande desafio, pois precisa respeitar os padrões técnicos atuais.

O que, considerando a história do Titanic, não é nenhuma má ideia.

Polícia - Goh Chai Hin/AFP - Goh Chai Hin/AFP
Manual de interrogatório da polícia da China em exposição em museu de Pequim
Imagem: Goh Chai Hin/AFP

Crime e castigo

O presidente Xi Jinping tem usado seu mandato para combater a corrupção e estimular o patriotismo.

Desta forma, não deveria surpreender a ninguém que, ao lado de atrações de "turismo revolucionário", também haja cada vez mais museus dedicados à luta contra o crime e a corrupção.

O Museu da Polícia de Pequim aborda os dois temas, oferecendo muitos exemplos de comportamentos ilegais ao lado de amostras de seu trabalho contra as forças de Kuomintang durante a Guerra Civil.

Com tantos funcionários públicos sendo acusados de corrupção nos últimos tempos, as amostras sobre o que acontece com os poderosos excessivamente ambiciosos não buscam apenas entreter: desempenham também um papel claramente preventivo.

A cidade oriental de Shiyan, por exemplo, obriga os funcionários públicos e suas mulheres a fazer um tour pela prisão local. E centros educativos para combate à corrupção abundam em toda a China.

Em um deles, no distrito de Haidian, em Pequim, as tenebrosas portas da cadeia se juntam a amostras da alta tecnologia que ajuda a visualizar melhor o que espera os corruptos.