Topo

'Air Cocaine': a polêmica fuga dos pilotos franceses condenados por tráfico na República Dominicana

Os pilotos franceses Jean Pascal Fauret (esq) e Bruno Odos comparecem a julgamento em Santo Domingo, na República Dominicana, em 2014 - Erika Santelices/AFP
Os pilotos franceses Jean Pascal Fauret (esq) e Bruno Odos comparecem a julgamento em Santo Domingo, na República Dominicana, em 2014 Imagem: Erika Santelices/AFP

29/10/2015 07h18

Um caso com momentos que parecem tirados de um filme de ação - com prisão, intriga, tráfico de drogas e uma fuga espetacular - ganhou destaque na França, onde foi batizado pelos jornais de "Air Cocaine".

Dois pilotos franceses, Pascal Fauret e Bruno Odos, condenados a 20 anos de prisão pela Justiça da República Dominicana por tráfico de cocaína, conseguiram fugir do país caribenho em uma lancha e regressaram à França no fim de semana.

Na terça-feira, Fauret deu entrevistas acompanhado de seus advogados dando sua versão do ocorrido.

Enquanto isto, a Procuradoria-geral da República Dominicana anunciou que buscará uma ordem de prisão internacional para trazer os fugitivos de volta e fazer com que cumpram a pena.

Na noite de 19 para 20 de março de 2013, a polícia da República Dominicana, ajudada pelos Estados Unidos, interceptou no aeroporto de Punta Cana um jato Falcon 50 com 26 maletas com 680 quilos de cocaína.

Fauret, 55, e o copiloto Odos, 56, foram detidos junto com outros dois cidadãos franceses que estavam a bordo, Nicolas Pisapia e Alain Castany.

Eles foram acusados de tráfico de drogas, mas alegam que não sabiam qual era o conteúdo das malas.

Depois de 15 meses de detenção, começou o processo. A defesa dizia que não havia provas de que os homens sabiam que a droga estava no avião.

No dia 14 de agosto passado, os quatro foram condenados a 20 anos de prisão. Eles entraram com recurso e aguardaram sob prisão domiciliar, proibidos de sair do país.

Mas, no fim de semana de 17 e 18 de outubro, Fauret e Odos conseguiram embarcar em uma lancha rápida para as Antilhas Francesas para, mais tarde, pegar um voo rumo a Paris, onde chegaram no sábado.

Pisapia e Castany continuam na República Dominicana.

Nada a esconder

Na terça-feira, Pascal Fauret e seus advogados convocaram a imprensa para uma entrevista. Um dos advogados, Jean Reinhart, disse que os pilotos voltaram para a França "não para fugir da justiça mas para buscar justiça".

O advogado disse que seus clientes não eram "fugitivos", porque não fugiram da cadeia; eles estavam proibidos de deixar o país, mas não foram mandados à prisão pois entraram com recurso.

Durante a entrevista, Fauret disse que não se arrepende, pois "não havia razão para não assumir o risco".

Ainda não se sabe como os dois conseguiram fugir da República Dominicana, mas vários veículos de mídia franceses sugerem que eles foram ajudados teria havido os jornais sugerem que teriam recebido ajuda de ex-agentes do serviço secreto francês.

Eric Dupond-Moretti, outro advogado de defesa, negou que eles tivessem contado com ajuda do governo, o que foi reforçado por declaração do Ministério do Exterior da França.

As autoridades dominicanas exigem o retorno imediato dos pilotos.

"Estamos emitindo uma ordem de prisão internacional", disse o procurador-geral dominicano Francisco Domínguez Brito.

"Estamos em contato com as autoridades francesas, não apenas para determinar como eles fugiram do país e quem foram os cúmplices, mas também para fazer com que assumam sua responsabilidade na República Dominicana independentemente de qualquer outro caso que possa surgir na França", afirmou.

Agora os outros dois cidadãos franceses que continuam detidos no país temem represálias devido à fuga dos pilotos.

A França e a República Dominicana têm um tratado de extradição desde o ano 2.000 e um acordo de transferência de detidos desde 2009.