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Partido governista da Turquia vence eleições parlamentares

Erdogan arriscou tudo para retomar o poder total na Turquia - Lefteris Pitarakis/AP
Erdogan arriscou tudo para retomar o poder total na Turquia Imagem: Lefteris Pitarakis/AP

01/11/2015 18h39

O partido governista AKP (Partido da Justiça e Desenvolvimento) venceu a eleição parlamentar na Turquia - retomando a maioria no Parlamento, que havia sido perdida em junho.

Com praticamente todos os votos apurados, a agência de notícias estatal Anadolu afirmou que o AKP teve 49,4% dos votos e o partido opositor CHP teve 25,5%.

O premiê Ahmet Davutoglu classificou o resultado como "uma vitória para a nossa democracia e nosso povo".

O partido pró-curdo conseguiu superar a marca dos 10% dos votos - o mínimo necessário para reclamar cadeiras no Parlamento.

O partido nacionalista MHP também terá direito a assentos.

As pesquisas indicavam que o AKP receberia apenas entre 40% e 43% dos votos - previsão que estava de acordo com o pleito de junho, quando o partido perdeu a maioria pela primeira vez em 13 anos.

Tentativas de formar um governo de coalizão após a eleição de junho não tiveram sucesso.

O AKP deve ganhar muito mais que os 276 assentos, o mínimo necessário para se obter a maioria. Por causa disso deve ser capaz de formar um governo próprio, sem precisar formar coalizão.

Porém o partido não deve atingir o número de representantes necessários para convocar um referendo para mudar a constituição e aumentar os poderes do presidente - que também é o fundador do AKP e ex-premiê Recep Tayyip Erdogan.

Onda de violência

Após as eleições de junho foi suspenso um cessar-fogo entre o exército turco e militantes do PKK, (o Partido dos Trabalhadores do Curdistão). O fim da trégua está relacionado a um atentado suicida em julho, que teria sido realizado por militantes do autoproclamado "Estado Islâmico".

O ataque matou ao menos 30 curdos na fronteira com a Síria.

Depois disso a Turquia sofreu o pior atentado de sua história, quando dois homens-bomba atacaram uma manifestação de esquerda pela paz e mataram mais de 100 pessoas. O governo disse que eles estariam ligados ao autoproclamado "Estado Islâmico".

Segundo o correspondente da BBC em Ancara, Mark Lowen, o AKP venceu o pleito com um discurso de que apenas o partido seria capaz de acabar com a onda de violência e levar o país para águas mais calmas.

Críticos dos governistas afirmaram que a violência teria sido orquestrada pelo próprio AKP para vencer as eleições - o que o partido nega.

Choques entre manifestantes e policiais ocorreram na principal cidade curda de Diyarbakir durante a apuração dos votos. Os manifestantes atiraram pedras e os policiais bombas de gás lacrimogênio.