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Trump tem caminho livre para ser o candidato republicano, mas muitos obstáculos até a Casa Branca

Trump deve obter nomeação de seu partido, mas enfrenta forte rejeição entre parte do eleitorado - Jewel Samad/AFP
Trump deve obter nomeação de seu partido, mas enfrenta forte rejeição entre parte do eleitorado Imagem: Jewel Samad/AFP

João Fellet - @joaofellet

Da BBC Brasil em Washington

04/05/2016 15h59

Com a desistência nesta quarta-feira do governador de Ohio, John Kasich, o empresário Donald Trump tem o caminho livre para se tornar o candidato do Partido Republicano à próxima eleição presidencial nos EUA, em novembro.

Kasich era o único adversário republicano de Trump após o senador Ted Cruz ter deixado a disputa, na terça-feira.

Trump passa agora a se concentrar no embate em novembro, quando deve enfrentar a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, líder na disputa com o senador Bernie Sanders pela candidatura do lado do Partido Democrata.

Apesar de conseguir nas prévias uma vitória que muitos consideravam improvável, Trump enfrentará grandes obstáculos para chegar à Casa Branca.

Para que Hillary se torne presidente, basta que ela vença na Flórida e nos 19 Estados (além do Distrito de Columbia, sede da capital Washington) que votaram no candidato democrata nas últimas seis eleições presidenciais - ou seja, em Estados onde os democratas costumam vencer mesmo quando não há do outro lado um oponente tão polêmico quanto Trump.

Na Flórida, uma pesquisa recente apontou que Hillary ganharia do empresário com 13 pontos de vantagem. E por causa de mudanças demográficas (especialmente o crescimento da população latina), alguns Estados que normalmente elegiam candidatos republicanos estão agora sob disputa.

O Novo México, onde latinos são metade da população, elegeu George W. Bush com folga em 2004, mas votou em Obama em 2012.

Na Carolina do Norte, Arizona, Missouri e Utah, Estados tradicionalmente republicanos, Hillary está à frente de Trump nas pesquisas. Em levantamentos nacionais, ela tem cerca de 10 pontos de vantagem sobre o rival.

De forma geral, a vida de candidatos republicanos tem ficado mais difícil em eleições para presidente nos EUA. Nos próximos 30 anos, os brancos (base do eleitorado do partido) deixarão de ser maioria no país.

Se ganhar a candidatura democrata, Hillary enfrentará alta rejeição em novembro - uma compilação de várias pesquisas aponta que 54% da população americana tem uma visão desfavorável dela.

Mas a rejeição a Trump é ainda maior: metade dos eleitores diz ter "medo" de que ele vire presidente e outros 19% afirmam que ficariam "preocupados" com sua vitória - dados que fazem dele um dos candidatos mais impopulares da história do país.

Ainda que o empresário tenha prevalecido nas prévias republicanas, a batalha pela candidatura rachou o partido. Alguns importantes líderes republicanos fizeram campanha contra Trump. Ele sai vitorioso, mas desgastado.

É verdade que poucos apostavam numa vitória do empresário nas primárias e que, nas próximas semanas, ele voltará os canhões para Hillary, até então poupada de ataques mais duros.

O caminho até novembro é longo e sempre pode haver reviravoltas na política, mas por enquanto as pesquisas indicam maiores chances de uma vitória de Hillary.