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Autoridades divergem sobre destroços de voo da EgyptAir; veja o que se sabe até agora

19/05/2016 11h36Atualizada em 19/05/2016 17h39

Depois de autoridades egípcias terem dito que os destroços do Airbus A320 da EgyptAir - que fazia o trajeto entre Paris e Cairo - haviam sido encontrados na tarde desta quinta-feira perto da ilha grega de Karpathos, representantes do governo da Grécia negaram a informação.

"(O governo egípcio) confirmou a descoberta dos destroços da aeronave. (...) Oferecemos, sinceramente, nossos pêsames mais profundos", afirmou comunicado da EgyptAir, depois de equipes de busca terem avistado partes do avião e coletes salva-vidas no mar.

Horas depois, porém, o investigador-chefe de acidentes aéreos da Grécia, Athanasios Binis, afirmou que o material avistado não pertencia ao voo desaparecido.

O voo MS804 caiu no leste do mar Mediterrâneo durante a madrugada, e há suspeitas de que tenha sido vítima de um ato extremista.

O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, ordenou uma grande mobilização dentro de seu governo para as buscas dos destroços e investigação das causas do ocorrido.

O MS804 levava 66 pessoas entre passageiros e tripulantes. Os governos do Egito e da Grécia já enviaram navios para fazer buscas na região da queda do avião.

Até a tarde desta quinta-feira, eis o que se sabe sobre o episódio:

Quando e onde o avião desapareceu?

O voo MS804 saiu do aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, às 23h09 (horário local, 18h09 em Brasília) na quarta-feira, segundo a EgyptAir. Ele deveria pousar no Aeroporto Internacional do Cairo às 3h15 (horário do Cairo, 22h15 horário de Brasília).

Às 2h24 (horário de Atenas, 20h24 em Brasília), o avião entrou no espaço aéreo da Grécia, segundo uma declaração divulgada pela Autoridade de Aviação Civil do país.

Controladores de voo gregos falaram com o piloto enquanto ele passava pela ilha de Kea. De acordo com a Autoridade de Aviação Civil grega, os controladores relataram que o piloto da EgyptAir estava bem.

Os controladores de voo tentaram entrar em contato com o avião antes de ele deixar o espaço aéreo grego, mas "apesar de várias chamadas, a aeronave não respondeu". Os controladores então chamaram o piloto da EgyptAir pela frequência de emergência e novamente não houve resposta.

Por volta de 0h29 GMT (21h29 no horário de Brasília) a aeronave deixou o espaço aéreo grego e segundos depois desapareceu dos radares gregos, segundo a Autoridade de Aviação Civil do país.

O avião perdeu contato com o radar egípcio às 0h30 GMT (21h30 no horário de Brasília), quando estava a apenas 280 quilômetros da costa do Egito, segundo declaração da EgyptAir.

As operações de busca e resgate começaram às 0h45 GMT (21h45 no horário de Brasília).

O presidente da França, François Hollande, informou em um discurso transmitido pela televisão que o voo MS804 tinha "caído" e estava "perdido".

O que aconteceu?

O ministro da Defesa da Grécia, Panos Kammenos, disse que, antes de desaparecer do radar, o avião fez duas manobras abruptas e, de repente, perdeu altitude.

"[O avião] virou 90 graus para a esquerda e então 360 graus para a direita, caindo de 38 mil pés (11,6 mil metros) para 15 mil pés (4.600 mil metros), e então perdeu-se por volta dos 10 mil pés (3.000 metros)", disse o ministro em uma entrevista coletiva.

Uma fonte do Ministério da Defesa grego disse à agência Reuters que as autoridades do país estão investigando o depoimento do capitão de um navio mercante, que afirmou ter visto "fogo nos céus" a cerca de 240 quilômetros de Cárpatos, perto de onde os primeiros destroços foram encontrados.

A EgyptAir afirmou em sua conta no Twitter que o avião enviou um sinal de emergência às 2h26 GMT (23h26 no horário de Brasília), duas horas depois de a aeronave ter desaparecido dos radares. Mas, depois, os militares egípcios divulgaram uma declaração negando o recebimento de qualquer mensagem de emergência.

Por que há suspeitas de extremismo?

O ministro da Aviação Civil do Egito, Sherif Fathy, afirmou que a possibilidade de um ataque extremista é mais forte do que a de falha técnica na aeronave.

O que desperta suspeitas é o fato de a aeronave ter desaparecido sem que fosse registrado um pedido de socorro vindo da tripulação.

"Não vamos pular para o lado que está tentando identificar isto como uma falha técnica, pelo contrário. Não quero especular e não quero elaborar hipóteses, mas se você analisar a situação de maneira apropriada, a possibilidade de haver um ataque terrorista é maior do que a possibilidade de um problema técnico", disse.

O presidente francês, François Hollande, afirmou que é preciso esperar mais informações.

"Vamos tirar conclusões quando tivermos a verdade sobre o que aconteceu. Se foi um acidente ou se foi terrorismo, e isto é algo que está em nossas mentes", afirmou.

Mas as autoridades só vão descobrir se houve mesmo um ataque terrorista quando o avião for localizado e as gravações da cabine e os registros de dados, nas caixas-pretas, forem recuperados.

Em outubro de 2015, um Airbus A321 operado pela companhia russa Metrojet foi derrubado por uma bomba na península do Sinai, no Egito, matando todas as 224 pessoas a bordo. Um grupo jihadista local chamado Província do Sinai, afiliado ao grupo Estado Islâmico, afirmou que tinha conseguido colocar um dispositivo a bordo do voo.

Em março, um avião da EgyptAir também foi sequestrado e desviado para o Chipre. Um homem egípcio descrito pelas autoridades cipriotas como "psicologicamente instável" está preso.

Quem estava a bordo?

O avião levava 66 pessoas (entre passageiros e tripulação), segundo o ministro da Aviação Civil do Egito.

De acordo com a Egypt Air, estavam no voo 30 egípcios, 15 franceses, dois iraquianos, um britânico, um kuaitiano, um saudita, um sudanês, um chadiano, um português, um belga, um argelino e um canadense. Três dos passageiros eram crianças.

O jornal estatal egípcio "Al-Ahram" divulgou informações que identificaram o piloto como o capitão Mohamed Shokeir. Segundo a EgyptAir, ele tinha 6.275 horas de experiência de voo, incluindo 2.101 horas no A320.

O que sabemos sobre o avião?

A Airbus afirmou que a aeronave envolvida no incidente, um A320-232, registrado como SU-GCC, foi entregue à EgyptAir em novembro de 2003. A aeronave já tinha acumulado aproximadamente 48 mil horas de voo e tinha dois motores IAE.

Este tipo de aeronave começou a operar em 1988. No final de abril de 2016, mais de 6.700 A320 estavam em operação no mundo todo, segundo a Airbus.

Até agora, a frota toda acumulou quase 180 milhões de horas de voo em mais de 98 milhões de voos.