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'Quero matar brancos': o que se sabe sobre o atirador de Dallas

08/07/2016 13h24

Micah Xavier Johnson, de 25 anos, foi identificado pela imprensa americana como um dos franco-atiradores que participou do ataque que deixou cinco policiais mortos em Dallas, no Texas - outros sete oficiais e dois civis ficaram feridos.

Segundo a polícia americana, Johnson, que não tinha nenhum antecedente criminal nem vínculos com grupos extremistas, disse que "estava irritado com policiais assassinando negros e que queria matar pessoas brancas, especialmente agentes de segurança".

Após uma negociação fracassada com policiais, houve uma troca de tiros, e o atirador acabou morto pela explosão de um dispositivo que estava implantado em um robô.

Do subúrbio de Dallas, Johnson era um veterano das Forças Armadas - ele esteve em serviço até abril deste ano, conforme informou o Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Sua habilidade para atirar a longa distância foi adquirida nos treinamentos com o Exército.

Outros três suspeitos de disparar contra os policiais estão detidos.

O franco-atirador agiu durante um protesto que era realizado exatamente para criticar a violência policial contra negros após dois homens serem mortos nesta semana, em incidentes ocorridos em duas outras cidades do país.

Segundo o chefe de polícia, David Brown, o homem afirmou que estava agindo sozinho.

A manifestação, que até então era pacífica, ocorreu após a polícia americana matar Philando Catile e Alton Sterling, ambos negros. Filmadas e postadas online, as duas mortes provocaram comoção e protestos pelo país.

Tiros

Os disparos começaram por volta das 20h45 do horário local (22h45 no horário de Brasília) enquanto manifestantes protestavam pela cidade.

A polícia disse que ocorreu uma emboscada cuidadosamente preparada e executada.

Em entrevista dada mais cedo, o chefe de polícia havia dito acreditar que os suspeitos haviam trabalhado juntos, usando rifles para fazer o ataque quando o protesto estava chegando ao fim.

Dois franco-atiradores dispararam do alto e atingiram os agentes pelas costas, disse ele.

"Acreditamos que esses suspeitos estavam posicionados de forma a ter um bom ângulo desses policiais de duas posições elevadas diferentes... e planejavam ferir e matar quantos fossem possíveis", disse Brown.

Após os primeiros tiros, os policiais cercaram um edifício-garagem perto da universidade El Centro, onde se deu um cerco e um confronto.

O chefe de polícia disse que um atirador disse ao negociador da polícia que estava "irritado por causa do Black Lives Matter (movimento de protesto), ele disse que estava irritado com os assassinatos feitos por policiais. O suspeito disse que estava irritado com os brancos. Ele disse que queria matar brancos, principalmente policiais brancos."

Brown afirmou ainda que o suspeito foi morto pela polícia com explosivos colocados por um robô no local em que ele estava.

O presidente Barack Obama, que está em viagem oficial na Polônia, descreveu o incidente como um "ataque cruel, calculado e infame contra as forças que garantem a manutenção da ordem".

O ataque em Dallas foi o que mais matou policiais desde o 11 de Setembro, em 2001.

O prefeito da cidade, Mike Rawlings, disse que dois civis, um homem e uma mulher, também foram feridos pelos atiradores.

Ele afirmou à rede de TV americana NBC que os suspeitos detidos não estavam cooperando, se mantendo de "boca fechada".

Já Obama disse que "todos os envolvidos nesses assassinatos sem sentido serão responsabilizados". Segundo ele, os incidentes eram uma "dura lembrança" dos sacrifícios feitos por agentes de segurança.

Além disso, voltou a criticar a facilidade de acesso a armas nos EUA, dizendo que "quando as pessoas possuem armas tão poderosas, ataques como este se tornam mais mortais e mais trágicos".

Mortes

Várias cidades tiveram protestos contra o que apontam como racismo por parte das forças policiais do país após as mortes de Philando Catile e Alton Sterling, uma em St Paul, Minnesota, outra em Baton Rouge, Louisiana.

Na quarta-feira, Philando Castile foi morto depois de ser parado por policiais enquanto dirigia. Já Alton Sterling foi morto por agentes em um estacionamento.

As duas mortes foram filmadas - uma delas transmitida ao vivo pelo Facebook - e geraram revolta pelo país.

Sterling e Castile foram a 122ª e 123ª vítimas negras da polícia neste ano, de acordo com o jornal americano Washington Post.

Negros representam 24% do total de vítimas da polícia, mas são apenas 13% da população do país.

Dados do projeto "Mapping Police Violence" (Mapeando a violência policial, em tradução literal), mostram que a probabilidade de negros serem mortos pela polícia nos EUA é três vezes maior que a de brancos.

Relatório do site mostra ainda que, em 97% dos casos de 2015, nenhum policial foi indiciado pelas mortes.