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Nova polêmica: O que Trump quis dizer ao pedir que donos de armas detenham Hillary?

10/08/2016 16h30

O candidato à Presidência americana pelo Partido Republicano, Donald Trump, desencadeou nova polêmica ao sugerir que donos de arma poderiam deter sua rival na disputa, a democrata Hillary Clinton.

A declaração, feita durante um comício na Carolina do Norte na tarde de terça-feira, foi interpretada por muitos como uma incitação à violência, gerando forte repercussão na imprensa e nas redes sociais.

Trump afirmou que Hillary nomearia juízes liberais à Suprema Corte americana (equivalente ao STF brasileiro) se vencesse as eleições presidenciais em novembro, o que supostamente ameaçaria os direitos ao porte de armas.

"Hillary quer essencialmente abolir a segunda emenda (que protege o direito do povo de manter e portar armas). Aliás, se ela puder escolher os juízes, vocês não poderão fazer nada, amigos", disse Trump. "Quem sabe o pessoal da segunda emenda (possa), não sei."

O empresário negou que estivesse promovendo violência contra a rival. Segundo Trump, seu intuito era fazer com que portadores de armas de fogo votem em grande número.
Mas o republicano Paul Ryan, presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos (Câmara dos Deputados no Brasil), classificou a declaração de Trump como uma "piada inapropriada".

Reação

No Twitter, usuários reagiram rapidamente aos comentários de Trump, criticando o republicano pelo que entenderam como uma incitação à violência.

"Isso não é brincadeira. Pessoas instáveis com armas poderosas e um ódio desequilibrado por Hillary Clinton estão escutando você, @realDonaldTrump", disse Chris Murphy, senador pelo Estado de Connecticut, em sua conta no Twitter.

"Não trate isso como um passo em falso político. É uma ameaça de homicídio, aumentando as chances de tragédia e crise nacionais", acrescentou.

Diretor de campanha de Hillary, Robby Mook disse que "o que Trump está dizendo é perigoso".

O empresário reagiu, tuitando que ele estava se referindo ao poder político dos defensores dos direitos ao porte de armas de fogo. "Disse que cidadãos favoráveis à segunda emenda devem se organizar, votar e salvar nossa Constituição", afirmou via Twitter.
 

Por meio de um comunicado, sua campanha declarou que "os defensores da 2ª emenda têm uma alma incrível e são tremendamente unidos, o que lhes dá grande poder político".

"E neste ano eles vão votar em número recorde, e não será por Hillary Clinton, será por Donald Trump".

O ex-prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, apoiou Trump, dizendo que a declaração do empresário não era uma ameaça. Ele acusou a imprensa de estar envolvida em uma "conspiração para eleger Hillary Clinton".

Alguns apoiadores de Trump que deixavam o comício na Carolina do Norte afirmaram à rede de TV americana CNN que não estavam preocupados com as intervenções do candidato por se tratar claramente de uma "piada" vinda de alguém que fala de maneira improvisada.

A Associação Nacional de Rifles, principal organização de lobby pró-armas do país, também apoiou Trump e afirmou que Hillary escolheria juízes contrários à segunda emenda.

Durante sua campanha, e em meio a diversos episódios de violência com armas de fogo, a candidata democrata vem prometendo apertar o cerco ao porte, mas não há indicação de que ela pretenda extinguir a segunda emenda.