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Leilão de bolsa feita de gato empalhado provoca polêmica online

Taxidermista transformou gato morto em uma bolsa  - TradeMe/ClaireThird
Taxidermista transformou gato morto em uma bolsa Imagem: TradeMe/ClaireThird

22/09/2016 09h15

O que você acha de ter uma bolsa feita de um gato morto?

Uma dessas foi colocada à venda no site de leilões neozelandês TradeMe pelo módico preço inicial de 1 dólar local (R$ 2,37), mas acabou vendida por um valor 500 vezes maior.

Chamada no anúncio de "glamour puss purse" ("bolsa glamourosa de bichano", em tradução livre), a peça foi produzida pela taxidermista Claire Third, da cidade de Christchurch, a partir dos restos mortais de um gato atropelado.

Ela contou ter mantido o corpo do animal por três meses em seu freezer antes de decidir transformá-lo em uma obra de arte.

O objeto despertou inflamadas reações na internet - algumas pessoas chegaram a classificá-lo como "repugnante".

"Não é nem um pouco criativo ou artístico", afirmou uma delas em um dos mais de 200 comentários deixados no site de leilões.

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"Tom" ficou guardado por cerca de sete anos
Imagem: TradeMe/ClaireThird

Um predador

Taxidermista profissional há 15 anos, Third reforçou que nenhum animal foi abatido com o objetivo de confeccionar a bolsa.

Ela contou ter encontrado o gato já morto ao lado de uma rua, e decidido transformá-lo em uma bolsa porque "ele tinha uma cara particularmente simpática, e o resto do corpo estava esmagado".

A descrição no site de leilões diz que "Tom" é uma "bolsa de mão muito elegante para a garota que já tem tudo".

"Uma bolsa única, que irá atrair as atenções onde quer que você vá."

A bolsa "Tom", que consumiu cerca de 300 horas de trabalho de Third, ficou guardada por cerca de sete anos antes que ela decidisse vendê-la na internet.

A taxidermista já empalhou muitos outros animais - criou inclusive um "unicórnio" feito de partes de vários bichos, incluindo lhamas e faisões -, mas sua especialidade são mesmo os gatos.

"Eu consigo muitos porque eles acabam sacrificados por causa da população de pássaros", explicou.

Gatos selvagens são um problema na Nova Zelândia, um país orgulhoso de suas aves raras.

O país adotou a "ambiciosa meta" de erradicar todos os principais predadores de aves até 2050 - em 2013, um ativista chegou a sugerir que todos os gatos selvagens locais fossem mortos.

O preço inicial da bolsa feita com o gato morto era de 1,4 mil dólares neozelandeses (R$ 3,3 mil), mas depois foi reduzido a um lance mínimo de um dólar neozelandês (R$ 2,37).

"As pessoas disseram que eu estava lucrando com o gato, então reduzi o preço", afirmou Third.

O leilão foi encerrado nesta quarta-feira com o lance de 545 dólares neozelandeses (R$ 1,3 mil).

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Claire Third também vende "unicórnio" armazenado há 15 anos
Imagem: TradeMe/ClaireThird

Comentários

A obra provocou um intenso debate na internet.

"E se alguém te matar a tiros e empalhar seu corpo, você gostaria? Aposto que não", opinou um usuário.

"Deixe os gatos descansarem em paz!", disse outro.

Mas também houve quem tivesse sido receptivo à ideia da taxidermista.

"Eu adoraria ter uma de outra cor. Não gosto de gatos alaranjados, mas os acinzentados são adoráveis", afirmou uma pessoa.

comentários bolsa gato bbc - TradeMe/ClaireThird - TradeMe/ClaireThird
Alguns dos comentários no site de leilões: "Quanto (tempo) para eu poder ser transformado em uma bolsa? Provavelmente daqui cerca de 50 anos, estimo"; "O que você quer dizer quando afirma que 'nenhum animal foi ferido para a criação dessa peça?'"; "Isso é apenas uma piada, ou é real?"
Imagem: TradeMe/ClaireThird

Outros usuários aproveitaram a oportunidade para compartilhar piadas e trocadilhos com animais

Third afirmou que "absolutamente não esperava" as reações.

"Eu já havia colocado coisas (para vender) no TradeMe antes, e isso nunca tinha acontecido", contou à BBC.

Ela disse ter ficado "um pouco chateada" com alguns comentários, e que por isso tirou um dia de folga do trabalho.

"Há umas pessoas realmente muito estranhas por aí, e eu não sei em quais sofás de couro elas andam se sentando", alfinetou. (Reportagem de Yvette Tan)