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Brasileiros na Flórida se preparam para encarar primeiro furacão

Empresário Renato Mendonça protege sua loja com tapumes temendo efeitos do furação - Arquivo pessoal
Empresário Renato Mendonça protege sua loja com tapumes temendo efeitos do furação Imagem: Arquivo pessoal

João Fellet - @joaofellet

Da BBC Brasil em Washington

05/10/2016 20h31

Conforme o furacão Matthew atravessa o Caribe e se aproxima da costa dos Estados Unidos, muitos brasileiros que moram na Flórida se preparam para encarar uma tempestade dessa magnitude pela primeira vez.

"Quase todo brasileiro que mora em Miami está aguardando um furacão desde que se mudou para cá", diz à BBC Brasil o empresário Renato Mendonça, que vive na cidade americana há três anos com a esposa e três filhos.

Desde que se formou no fim de setembro perto da fronteira entre a Colômbia e a Venezuela, o Matthew já provocou ao menos 25 mortes. O maior estrago até agora ocorreu no Haiti, onde causou a maior catástrofe desde o terremoto de 2010. Segundo a ONU, ao menos 21 pessoas morreram no país, e 350 mil estão desalojadas. Também foram registradas quatro mortes na República Dominicana.

Espera-se que o Matthew atinja a Flórida a partir da manhã de sexta-feira.

O último grande furacão a atingir Miami, o Andrew, ocorreu em agosto de 1992, antes da chegada de boa parte dos imigrantes brasileiros à cidade.

Como diz morar num apartamento "à prova de furacões", com vidros blindados, Mendonça diz que sua preocupação maior ao longo do dia foi proteger as três lojas que administra com a esposa em Miami. Ele cobriu com tapumes as fachadas dos estabelecimentos e tirou do chão os equipamentos elétricos, caso entre água.

O empresário diz que muitos comerciantes vizinhos - na maioria americanos - ainda estão céticos quanto à chegada do furacão e não tomaram qualquer providência.

"Parece que nós (brasileiros) estamos dando uma importância maior."

O Andrew, que atingiu a Flórida em 1992, foi um dos furacões mais destrutivos da história dos Estados Unidos, tendo provocado ao menos 15 mortes na Flórida e bilhões de dólares em prejuízos. Algumas áreas afetadas levaram anos para serem reconstruídas.

Estoque de água

"Como nunca vivemos isso, ficamos apreensivos", diz à BBC Brasil a administradora carioca Roberta Milazzo, que mora há quatro meses em Fort Lauderdale, cidade vizinha a Miami com grande número de brasileiros.

Milazzo encheu vários baldes e garrafas com água potável e reforçou a despensa da casa que divide com o marido, Frederico Kler. Também retirou objetos do quintal e pôs a moto da família na sala.

"Até ontem achava que era exagero, mas quando fui ao supermercado e vi pessoas com os carrinhos cheios, quando vi as casas pondo proteção nas janelas, comecei a ficar preocupada."

A administradora diz que na terça-feira já quase não se encontrava água nos supermercados e que havia longas filas nos postos de gasolina.

Na véspera de furacões, moradores são orientados a estocar comida e água potável caso o abastecimento se interrompa.

Milazzo diz ter passado o dia com a TV ligada para saber se precisará deixar a casa. Autoridades dos EUA monitoram o furacão para decidir se moradores serão obrigados a abandonar determinadas áreas.

Por enquanto, recomenda-se que residentes de áreas no litoral sul da Flórida busquem abrigo em locais mais distantes da costa, mas o deslocamento é facultativo.

Várias cidades costeiras divulgaram os endereços de abrigos que poderão ser abertos para acolher moradores que não tenham para onde ir. Em alguns abrigos, moradores podem levar seus animais de estimação.

O governador da Flórida, Rick Scott, disse que todos os moradores do Estado devem estar preparados para a tempestade. "Isso significa que as pessoas têm menos de 24 horas para se preparar, evacuar e se abrigar. Ter um plano pode significar a diferença entre a vida e a morte", afirmou.

O presidente Barack Obama também veio a público para alertar sobre o Matthew, dizendo se tratar de uma "tempestade séria" e que pode ter um "efeito devastador" no país.