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Qual é a origem da fortuna de Trump?

Próximo presidente dos Estados Unidos, Trump herdou do pai dinheiro e tino para os negócios - PA
Próximo presidente dos Estados Unidos, Trump herdou do pai dinheiro e tino para os negócios Imagem: PA

10/11/2016 09h13

Milionário e ex-apresentador de um reality show, Donald Trump - eleito presidente dos Estados Unidos nesta quarta-feira - sempre gostou de falar sobre dinheiro.

A simpatizantes, ele costuma vangloriar-se do tamanho de seu patrimônio e de sua habilidade para fechar negócios.

Segundo a revista americana Forbes, o patrimônio de Trump em setembro de 2016 girava em torno de US$ 3,7 bilhões - tendo diminuído US$ 800 milhões no último ano. Já a agência de informações financeiras Bloomberg, por sua vez, estima a riqueza dele em US$ 3 bilhões.

Mas Trump diz ter "muito mais". O empresário calcula que sua fortuna gira em cerca de US$ 10 bilhões, mas a cifra é questionável - Trump culpa a "terrível e desonesta" mídia por subestimar o valor de seu patrimônio.

De qualquer, forma, não há dúvidas de que o império Trump seja expressivo. A maneira como ele foi construído, no entanto, é motivo de polêmica.

Herança graúda

Trump herdou do pai a fortuna e o estilo de negociação pelo qual ganhou notoriedade.

Fred Trump fez fortuna no ramo da construção civil, erguendo prédios nos bairros do Brooklyn e do Queens, em Nova York.

O pai de Trump era conhecido pela boa qualidade de seus edifícios, muitos dos quais ainda estão de pé, e também por sua austeridade.

Não raro, Fred costumava terminar as obras por um valor abaixo ao do orçamento financiado pelo governo. Sendo assim, embolsava a diferença, prática que, apesar de legal, acabou levando-o a prestar depoimento a um comitê do Congresso americano.

"Fred Trump sempre buscava vantagens fiscais inexploradas", disse Gwenda Blair, autora do livro The Trumps, uma biografia da família do empresário.

Já Donald diz que foi sua a decisão de dar novo rumo ao negócio do pai. Antes focado na construção de prédios de baixo custo, com o filho, a empresa passou a se dedicar a erguer torres de luxo em Manhattan.

Gwenda diz, no entanto, que a mudança de estratégia coube a Fred, não a Donald.

"Donald Trump enriqueceu com o dinheiro do pai. Ele precisa do pai como seu fiador e contou com as amizades dele na política e no setor bancário", diz a autora.

Ousadia

O primeiro grande projeto de Trump foi o Hotel Commodore. Ele se associou com o grupo hoteleiro Hyatt para comprá-lo em 1976 por um preço não revelado, rebatizando-o de Grand Hyatt.

Naquela época, Nova York não era considerada um destino do turismo de luxo. O investimento foi de grande risco para o jovem empresário.

Usando sua capacidade de negociação, Trump persuadiu a administração da cidade a conceder ao hotel uma redução de impostos por 40 anos, gerando uma economia de US$ 160 milhões. Em 1996, ele vendeu sua metade do hotel Hyatt por US$ 142 milhões.

Trump continuaria a investir no desenvolvimento e na construção de grandes edifícios em Nova York, incluindo a compra do Hotel Plaza e da antiga sede do Banco de Manhattan.

Nas alturas

A joia da coroa da empresa é o Trump Tower, um edifício de 58 apartamentos na Quinta Avenida, o templo do comércio de luxo da cidade, concluído em 1983.

O prédio ainda é a sede das Trump Organization. O empresário e sua família vivem nos andares superiores do edifício.

Donald Trump emergiu como magnata do ramo imobiliário, mas a maior parte de sua herança vem do valor de sua marca, que começou a ser construída na década de 80.

A partir daí, começou a licenciar seu nome para outras empresas, ganhando fama mundial. As empresas, por sua vez, pagam royalties pelo uso da marca ao empresário.

A Trump Organization detém participações em cerca de 500 empresas em uma grande variedade de negócios que vão muito além do setor imobiliário e incluem cassinos, hotéis, serviços financeiros, desenvolvimento de jogos de tabuleiro, e até concursos de beleza.

Trump é dono da empresa de produção de TV responsável pela criação e venda da franquia de programas do reality show The Apprentice (O Aprendiz, no Brasil) do qual se tornou também apresentador na versão americana.

Durante vários anos, Donald Trump foi dono da empresa organizadora dos concursos de Miss Universo e Miss EUA, que lhe renderam um lucro enorme segundo analistas financeiros. No processo de desencompatibilização exigido pelas leis eleitorais americanas, Trump vendeu a empresa, em setembro de 2015, para a WME/IMG por um valor não revelado.

Desperdício zero

Mas foi com a publicação do livro A arte da negociação que Trump foi alçado ao estrelato.

O empresário solidificou sua reputação como negociador sem papas na língua durante sua carreira de dez anos como apresentador do programa de TV O Aprendiz.

A rispidez com que criticava e demitia os participantes do programa lhe franqueou uma legião de admiradores.

Como seu pai, Trump costuma economizar cada centavo.

"Vou até o inferno para pagar o menos possível", disse ele.

Seu estilo polêmico lhe rendeu vários processos na Justiça, muitos deles de cunho trabalhista.

Mas Trump também deu início a batalhas legais.

Ele processou uma ex-participante do Miss EUA que criticou a competição.

Também levou o Deutsche Bank à Justiça depois que o banco se recusou a lhe dar uma extensão do empréstimo para um projeto de construção em Chicago.

Apesar do perfil incendiário, Trump é elogiado por seu tino para os negócios.

O investidor americano Carl Icahn descreve o empresário como "um cara com uma mente muito aberta."

"Ele tem um ego forte, acredita em si mesmo e está disposto a ouvir", diz.

Império de alcance global

Os negócios de Trump no exterior são tão polêmicos quanto sua retórica de campanha.

Ele chamou os chineses de trapaceiros, mas convenceu investidores do gigante asiático a financiar alguns de seus projetos imobiliários.

Ele diz que ama a Escócia, onde sua mãe nasceu e onde mantém vários campos de golfe, mas criticou o governo escocês por permitir a construção de um parque eólico no entorno da área, em Aberdeenshire.

Já o Trump Ocean Resort Baja Mexico foi forçado a chegar a um acordo com investidores que gastaram milhões de dólares para comprar condomínios ou apartamentos que nunca foram construídos.

Quando a polêmica em torno do fracassado complexo cresceu, Trump disse à Justiça que sua imagem foi usada indevidamente e que ele não era responsável pela construção.