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'Macaca de salto': o comentário no Facebook sobre Michelle Obama que chocou os EUA

Michelle Obama discursa durante campanha da candidata democrata Hillary Clinton - Jim Cole/ AP
Michelle Obama discursa durante campanha da candidata democrata Hillary Clinton Imagem: Jim Cole/ AP

15/11/2016 15h29

Uma publicação racista no Facebook a respeito da primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, ganhou redes sociais e a mídia no mundo inteiro e acabou resultando em uma campanha pela demissão da autora do post e pela renúncia de uma prefeita de uma pequena cidade do Estado da Virgínia Ocidental.

Tudo começou com a publicação de Pamela Ramsey Taylor, que gerencia o Escritório de Desenvolvimento da região do Condado de Clay, na qual ela fez um comentário sobre a substituição da primeira-dama depois da eleição do republicano Donald Trump.

"Será revigorante ter uma primeira-dama requintada, bonita, digna na Casa Branca. Estou cansada de ver uma macaca de salto", escreveu Taylor no Facebook.

15.nov.2016 - Reprodução de postagem racista contra a primeira-dama dos EUA, Michelle Obama - Reprodução/WSAZ/BBC - Reprodução/WSAZ/BBC
Reprodução de postagem racista contra a primeira-dama dos EUA, Michelle Obama
Imagem: Reprodução/WSAZ/BBC

A prefeita da cidade de Clay, Beverly Whaling, respondeu ao post.

"Acabei de ganhar o dia, Pam."

Clay tem uma população de 491 pessoas e, de acordo com o Censo de 2010, não há afro-americanos na cidade. Na região do Condado de Clay, como um todo, mais de 98% de seus habitantes são brancos.

Apesar da população da região ser pequena, a polêmica publicação no Facebook se espalhou pelos Estados Unidos e na imprensa internacional.

E também há um abaixo-assinado com 85 mil assinaturas pedindo que Taylor seja demitida e Whaling renuncie ao cargo.

Desculpas

Os jornais "The Washington Post" e "New York Daily News" relataram que Taylor já foi retirada do cargo na segunda-feira, mas não há confirmação de que ela foi demitida.

O Escritório de Desenvolvimento da região do Condado de Clay, que Taylor gerenciava, recebe verbas dos governos estadual e federal e presta serviços para moradores idosos e de baixa renda da região.

Taylor deu uma entrevista ao canal local WSAZ, o primeiro a dar a notícia sobre a publicação no Facebook. Na entrevista, ela admite que suas palavras poderiam ser "interpretadas como racistas, mas, de maneira nenhuma, tinham intenção de ser (racistas)".

Ela afirma que apenas estava dando sua opinião pessoal sobre os atrativos de uma pessoa e não a cor da pele.

Já a prefeita de Clay, Beverly Whaling, entregou uma declaração ao "The Washington Post".

"Meu comentário não tinha intenção nenhuma de ser racista", explicou a prefeita e acrescentou um pedido de desculpas.

"Eu estava me referindo (ao fato) de ter ganho meu dia devido à mudança na Casa Branca! Sinto muitíssimo por qualquer ressentimento que isto possa ter causado! Quem me conhece sabe que não sou racista de jeito nenhum!", escreveu.

Owens Brown, diretor do escritório da Virgínia Ocidental da organização National Association for the Advancement of Colored People - que luta contra o racismo - comentou que "é lamentável que as pessoas ainda tenham este tom racista".

"Infelizmente esta é uma realidade que temos que lidar nos Estados Unidos hoje. Não há lugar para este tipo de atitude em nosso Estado."

A presidente do Partido Democrata em Virgínia Ocidental, Belinda Biafore, divulgou um pedido de desculpas a Michelle Obama "em nome dos meus companheiros, alpinistas", em uma referência ao apelido dos moradores do Estado.

"A Virgínia Ocidental realmente é melhor do que isso. Nós do Partido Democrata da Virgínia Ocidental vamos continuar lutando exatamente contra estes ideais radicais, odiosos e racistas", escreveu Biafore na declaração.