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A trágica morte de palhaço que alegrava crianças em meio à guerra em Aleppo

Foto sem data de Anas al-Basha, 24, em Aleppo, na Síria - Cortesia de Ahmad al-Khatib/AP
Foto sem data de Anas al-Basha, 24, em Aleppo, na Síria Imagem: Cortesia de Ahmad al-Khatib/AP

02/12/2016 17h52

Um voluntário sírio de 24 anos que se vestia de palhaço para distrair crianças traumatizadas em meio ao cerco à cidade de Aleppo foi morto em um ataque aéreo no começo da semana.

A morte de Anas al-Basha foi informada pela agência de notícias Associated Press (AP).

O jovem era voluntário da organização não governamental síria Space of Hope (Espaço da Esperança, em inglês) e tinha se casado há dois meses.

A mulher dele permanece na cidade sitiada.

Esquetes para as crianças

"Ele vivia para fazer as crianças rirem e se sentirem felizes no lugar mais escuro e perigoso do mundo", escreveu no Facebook Mahmoud al-Basha, irmão de Anas.

"Ele se recusou a sair da cidade para continuar o trabalho como voluntário para ajudar os civis, dar presentes e esperança às crianças", continuou.

Os pais do jovem deixaram Aleppo em julho, antes do começo dos combates intensos entre o governo e os rebeldes.

A supervisora de Anas, Samar Hijazi, disse à AP que vai lembrar dele como um amigo que adorava trabalhar com crianças.

"Ele interpretava esquetes para as crianças e conseguia se aproximar delas", disse.

"Estamos todos exaustos. Temos de encontrar força para dar apoio psicológico às pessoas e continuar o nosso trabalho", completou.

Fuga em massa

A ofensiva do exército sírio em Aleppo obrigou 30 mil civis a deixarem suas casas nos últimos dias. E o número vem aumentando rapidamente, segundo alerta do enviado especial das Nações Unidas para a Síria, o sueco Staffan de Mistura.

A fuga em massa ocorre na zona leste da cidade - controlada pelos rebeldes -, mas o número total de deslocados de Aleppo passa de 40 mil, acrescentou ele.

Na última quarta-feira, o responsável pelas operações humanitárias da ONU, Stephen O'Brien, advertiu que o leste de Aleppo corre o risco de tornar-se "um gigantesco cemitério" caso os combates continuem e a entrada de ajuda humanitária permaneça bloqueada.

Mais de 300 mil pessoas morreram e milhões foram obrigadas a fugir desde o início da guerra na Síria, há quase seis anos.

Calcula-se que 250 mil pessoas ainda estão vivendo na cidade sitiada, das quais 100 mil são crianças.

Não há hospitais funcionando e os estoques de alimentos estão no fim.