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Governo britânico fecha contrato para produção de arma a laser

O "Dragonfire" poderia ser montado em navios e ser disparado contra mísseis ou aeronaves - Ministério da Defesa britânico/Divulgação
O "Dragonfire" poderia ser montado em navios e ser disparado contra mísseis ou aeronaves Imagem: Ministério da Defesa britânico/Divulgação

05/01/2017 17h19

O governo britânico fechou um acordo de 30 milhões de libras (R$ 119 milhões) com fabricantes de armamentos para desenvolver o protótipo de uma arma a laser, que deve ser chamada de Dragonfire ("fogo de dragão", em tradução livre).

O contrato foi conquistado por um consórcio de companhias europeias de defesa formado por MBDA, Qinetiq, Leonardo-Finmeccanica GKN, Arke, BAE Systems e Marshall ADG.

O consórcio terá que criar uma arma de energia laser dirigida (LDEW, na sigla em inglês) que seja capaz de fazer uma demonstração efetiva entre até 2019.

O sistema de armas a laser deverá ser capaz de identificar alvos à distância em qualquer tipo de clima ou terreno "com precisão suficiente para permitir um combate seguro e efetivo".

Outra possibilidade é que o laser seja usado no futuro para proteger tropas terrestres contra ataques de artilharia.

Para Peter Cooper, do Laboratório de Ciências e Tecnologia da Defesa no Reino Unido, o projeto "busca uma pesquisa inovadora sobre o poder do laser para entender melhor o potencial dessa tecnologia".

Segundo ele, a arma poderia "oferecer uma resposta mais efetiva para as novas ameaças que as Forças Armadas britânicas podem enfrentar".

A pesquisa para desenvolver a Dragonfire faz parte de um fundo de inovação do Ministério da Defesa do Reino Unido destinado a, entre outros objetivos, dar vantagem tecnológica para seus militares em combate, segundo o governo.

Fator custo

Mas por que desenvolver a tecnologia de armas a laser?

O laser já tem aplicações militares conhecidas, especialmente quando se fala em sistemas de mira e identificação de alvos. Ele também chegou a ser usado para cegar inimigos, mas esse tipo de utilização foi banido em tratados internacionais por ser excessivamente cruel.

A pesquisa atual é sobre a utilização do laser como uma espécie de "munição" - substituindo mísseis e projéteis.

Uma das maiores vantagens desse novo tipo de arma seria a redução dos custos: armas navais convencionais exigem o uso de munições e mísseis que custam milhares de dólares e ocupam muito espaço nas embarcações militares.

Já um disparo de laser de um teste da Marinha americana custava apenas cerca de US$ 1 (R$ 3,20), por exemplo. O custo baixo se explica porque ele depende basicamente da geração de energia do navio.

Além disso, a nova "munição" não necessitava de grandes locais de armazenamento e, logo, o navio não precisava ser reabastecido.

Realidade

O conceito de se usar um raio concentrado de laser para atacar inimigos é comum na ficção científica, especialmente em franquias como Star Wars e Star Trek, mas só nos últimos anos ele começou a dar origem a armas reais.

Muitos países já desenvolvem a ideia há anos, em busca de uma nova geração de armamentos. Mesmo assim, as pistolas ou fuzis que disparam raios coloridos no cinema parecem ainda estar um pouco distantes da realidade.

Boa parte da pesquisa militar sobre o tema que já veio público se concentra em criar armas a laser de grande porte para o uso em navios de guerra.

O objetivo delas seria destruir mísseis e foguetes que ameacem a embarcação e também usar seu sistema ótico para identificar possíveis alvos a distância.

Em 2014, os Estados Unidos anunciaram ter equipado ao menos um de seus navios de guerra - o USS Ponce - com um protótipo de sistema de arma a laser.

Ele é uma espécie de canhão que dispara um feixe de laser invisível. A função da arma é complementar sistemas de defesa do navio de guerra, que são projetados para destruir mísseis já próximos da embarcação.

Durante testes, a arma provou ser efetiva também para desabilitar ou destruir drones e pequenas embarcações hostis.

Os militares americanos dizem que os aviões não tripulados e pequenas lanchas podem ser usados contra seus navios por inimigos mais fracos nas chamadas "guerras assimétricas" (quando um Estado luta contra grupos extremistas ou guerrilheiros, por exemplo).