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Espanha aceita extraditar para Colômbia o "enfermeiro do aborto" das Farc

Guerrilheiras eram obrigadas a fazerem abortos para que a gravidez não atrapalhasse a capacidade de lutar delas  - Marcelo Salinas/AFP
Guerrilheiras eram obrigadas a fazerem abortos para que a gravidez não atrapalhasse a capacidade de lutar delas Imagem: Marcelo Salinas/AFP

28/01/2017 13h45

Em mais um capítulo do processo de paz na Colômbia e do "acerto de contas" entre o governo e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), será julgado em Bogotá um ex-rebelde acusado de fazer mais de 300 abortos forçados em guerrilheiras.

Conhecido como o "enfermeiro dos abortos", Hector Arboleda Albeidis Buitrago foi preso em Madri em dezembro de 2015. E, nesta sexta-feira (28), a Espanha confirmou que ele será extraditado para a Colômbia. Ainda não há data para o julgamento.

Buitrago, que tem cidadania espanhola, é acusado de assassinato, tentativa de assassinato e aborto sem consentimento.

De acordo com a promotoria, ele atuava como um enfermeiro das Farc embora não tivesse formação em enfermagem.

Sua prisão, em 2015, fazia parte de uma investigação sobre 150 casos de ex-integrantes do grupo que contaram que foram obrigadas a interromper a gestação.

Buitrago é acusado de estar envolvido na maior parte desses abortos que, segundo as autoridades, eram feitos em ambiente imundos, sem medicamentos e em mulheres que já estavam na fase final da gravidez.

Elas eram obrigadas a fazerem abortos para que a gravidez não atrapalhasse a capacidade de lutar delas, apesar de muitos guerrilheiros terem negado isso no passado, dizendo que havia métodos contraceptivos disponíveis.

Capacidade de combater

Em uma entrevista à BBC em 2015, uma rebelde que estava em Bogotá disse que ela havia sido forçada a fazer 5 abortos. Ela disse ainda que as Farc esperavam que as mulheres lutassem e que aquelas que ganhavam permissão para continuar a gravidez e ter o bebê eram consideradas sortudas.

Há quatro anos, tiveram início as negociações de paz no país, para colocar fim a mais d5 50 anos de conflito armado, que matou mais de 260 mil pessoas na Colômbia.

No fim do ano passado, um acordo de paz foi rejeitado em um referendo popular. No entanto, o governo colombiano em seguida preparou um novo pacto, que não era necessário ser submetido à votação popular.