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Macron caminha para 'vitória arrasadora' em eleição legislativa na França, apontam projeções

Christian Hartmann/ Reuters
Imagem: Christian Hartmann/ Reuters

11/06/2017 22h21

O partido de centro do presidente da França, Emmanuel Macron, está a caminho de uma vitória arrasadora nas eleições legislativas do país, após o primeiro turno do pleito neste domingo.

Projeções apontam que o República em Marcha (LRM, na sigla em francês), partido recém-criado por Macron, e seu aliado MoDem deverão conquistar 445 das 577 cadeiras na Assembleia Nacional.

O resultado final será conhecido no próximo domingo, no segundo turno da votação.

O partido de Macron foi criado no ano passado, com muitos nomes da sociedade civil e de fora da política tradicional.

O próprio presidente nunca havia disputado eleição antes de conquistar a Presidência, e construiu sua plataforma política com forte apelo à renovação.

Com todas as urnas apuradas, o LRM e o MoDem alcançaram 32,3% dos votos.

Os Republicanos (direita conservadora) ficaram com menos de 16%, enquanto o Partido Socialista, antecessor de Macron no poder, ficou com apenas 7,4%.

A Frente Nacional, de extrema direita, ficou com 13,2% e o França Insubmissa, de extrema esquerda, com 11%.

O comparecimento às urnas, de 48,7% (o voto não é obrigatório na França), ficou abaixo do índice do primeiro turno do pleito legislativo de 2012, de 57,2%. Analistas atribuíram o fato a um possível desânimo entre oponentes de Macron.

Para Hugh Schofield, correspondente da BBC em Paris, não há dúvidas do feito "extraordinário" obtido por Macron.

"Sim, ele teve sorte, mas também previu com destreza - com os movimentos certos na hora certa - como o mapa da política francesa estava esperando para ser redesenhado", afirmou.

Se as projeções do primeiro turno se confirmarem, a mudança na Assembleia Nacional será a maior desde 1958, quando Charles de Gaulle instituiu a Quinta República francesa.

Para analistas, além de pegar carona no desejo da sociedade francesa por renovação política, Macron soube construir rapidamente, dentro e fora da França, a imagem de presidente - apesar da inexperiência e de ter apenas 39 anos.

Durante a campanha, ele prometera "reabilitar" a função presidencial, desgastada após os mandatos do socialista François Hollande (2012-2017) e do conservador Nicolas Sarkozy (2007-2012).

Ele já deixou uma marca no plano internacional, sobretudo por ter se oposto ao presidente americano, Donald Trump, em temas como mudanças climáticas.

O provável sucesso no primeiro teste de Macron após a chegada ao Palácio do Eliseu também tem a ver com a habilidade política que ele demonstrou ao compor seu governo, apontam especialistas.

Macron, de 39 anos, derrotou a líder da Frante Nacional, Marine Le Pen, no segundo turno da eleição presidencial, no mês passado.

Le Pen associou a performance ruim de seu partido ao baixo comparecimento às urnas e cobrou mudanças no sistema eleitoral da França, que para ela favorece as grandes siglas.

"Essa taxa de abstenção catastrófica deveria chamar a atenção para regras eleitorais que afastam milhões de compatriotas das urnas", afirmou.