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Com despedida emocionada, mexicano é deportado após viver por 30 anos nos EUA

17/01/2018 20h05

Jorge Garcia viveu a maior parte de sua vida nos Estados Unidos, mas, na última segunda-feira, foi forçado a deixar o país.

Garcia, um paisagista de 39 anos, foi levado ao país ilegalmente por um parente quando tinha só 10 anos. Casado com uma cidadã americana e pai de dois filhos adolescentes nascidos em território americano, ele fez um pedido formal para mudar seu status.

Mas, por causa de sua idade, não foi aceito no programa DACA (Deferred Action for Childhood Arrivals), que confere proteção contra deportação e autorização para morar, trabalhar e dirigir por dois anos, renováveis, a imigrantes ilegais que tenham chegado aos Estados Unidos quando eram menores de idade.

O programa foi criado em junho de 2012 por meio de um decreto assinado pelo então presidente americano Barack Obama para regularizar temporariamente imigrantes em situação ilegal.

Para cumprir as condições de elegibilidade, o candidato não deve ter completado 31 anos até a assinatura do decreto (Garcia tinha 34 anos em 2012), deve ter ingressado no país antes de fazer 16 anos e ter morado continuamente nos Estados Unidos desde 15 de junho de 2007, não ter sido condenado criminalmente ou ser considerado uma ameaça à segurança nacional e jamais ter tido um visto ou autorização para permanecer no país.

Até 2017, cerca de 800 mil pessoas, conhecidas como "dreamers", participaram do programa, o qual o atual presidente americano, Donald Trump, quer alterar, pedindo ao Congresso que aprove uma nova lei sobre o assunto. A maioria dos beneficiados até agora, cerca de 76%, é de mexicanos, como Garcia.

O seu caso vinha tramitando desde 2006, quando foi emitida a primeira ordem de deportação, mas ele conseguiu ao menos quatro vezes adiar o cumprimento da medida.

Em novembro passado foi emitida uma nova ordem de deportação e exigido que ele comparecesse ao aeroporto de Detroit, onde vive, com uma passagem só de ida para o México.

“Segundo os documentos, ele foi proibido de entrar nos EUA por 10 anos”, disse aos prantos sua mulher, Cindy Garcia, após se despedir do marido no terminal, onde pessoas protestavam contra a medida com placas em que se lia “parem de separar as famílias”.

O caso de Garcia foi visto como um reflexo da promessa feita por Trump no ano passado de elevar o número de deportações de imigrantes ilegais.

Sua mulher disse que planeja fazer um pedido para que ele possa retornar aos Estados Unidos. “Vamos rezar para ele tê-lo de volta logo. Só quero agradecer a todo mundo por vir aqui tão cedo e por todo o apoio ao longo dos anos.”