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'Vou morrer porque não consigo encontrar remédios': as vítimas da escassez na Venezuela

27/02/2018 19h16

A crise profunda pela qual passa a Venezuela vem fazendo novas vítimas a cada dia. Judith é uma delas. Há dez anos, ela pensou ter tido uma segunda chance, após um transplante de rim. Agora, corre o risco de perder o órgão por rejeição devido à falta de medicamentos que assola o país.

"Estou com medo de morrer porque não consigo encontrar os medicamentos de que preciso", diz ela.

Como Judith, milhares de venezuelanos estão na mesma situação. Segundo o Conselho Federal de Medicina da Venezuela, os hospitais têm menos de 5% dos medicamentos de que precisam.

A Venezuela atravessa uma grave crise econômica que levou à escassez de uma série de produtos básicos, de alimentos a medicamentos. Isso vem provocando filas enormes para comprar mercadorias a preços inflacionados.

A pequena Oriana, em Apure, um dos Estados mais pobres do país, passa por situação parecida à que enfrenta Judith.

"Cuido dela desde quando era pequena. O que me preocupa é que os médicos dizem que precisamos agir rápido", diz o avô da menina.

O governo diz que a culpa da escassez é da 'guerra econômica'. A oposição diz que a crise foi causada por má gestão. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu ajuda da ONU para trazer mais medicamentos ao país.

Por causa da crise, 70 mil venezuelanos já cruzaram a fronteira em Roraima no ano passado, em busca de uma vida melhor no Brasil, segundo a Polícia Federal. O total já supera 10% da população total do Estado.

No último dia 15 de fevereiro, o presidente Michel Temer assinou uma MP (Medida Provisória) para prestar assistência emergencial a venezuelanos em Roraima. A MP permite que sejam conduzidas ações emergenciais nas áreas de proteção social, saúde, educação, direitos humanos, alimentação e segurança pública.

Entre as medidas estão oferta de atividades educacionais, formação e qualificação profissional e de infraestrutura e saneamento para famílias venezuelanas que estão vivendo em Roraima em situação de vulnerabilidade. A medida provisória também prevê ajuda na mudança dos imigrantes venezuelanos que quiserem ir para outros estados do Brasil.

Temer também assinou um decreto que institui as competências do Comitê Federal de Assistência Emergencial, criado para lidar com a questão.