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Punggye-ri, o centro de testes de armas nucleares que a Coreia do Norte prometeu fechar

Kim Jong-un, líder norte-coreano - Reprodução/ABC News
Kim Jong-un, líder norte-coreano Imagem: Reprodução/ABC News

29/04/2018 09h00

O governo da Coreia do Sul informou neste domingo (29) que a Coreia do Norte prometeu fazer em maio um "desmantelamento público" do seu centro de testes de armas nucleares em Punggye-ri. A iniciativa faz parte do compromisso de desnuclearização assumido pelos dois países em cúpula realizada na sexta (27) para um acordo de paz.

Um porta-voz do governo de Seul disse que a Coreia do Norte propôs que o encerramento do centro de testes aconteça publicamente e que especialistas sul-coreanos e dos Estados Unidos serão convidados a estar presentes.

Desde 2006, a Coreia do Norte realizou seis testes nucleares em Punggye-ri, região montanhosa no nordeste do país. Acredita-se que o local de testes nucleares seja o único ativo no mundo.

Mas, baseados principalmente em imagens de satélite e no rastreamento de movimentos no local, os cientistas acreditam que Punggye-ri entrou em colapso parcial e pode estar inutilizável.

O mais recente teste atômico da Coreia do Norte foi realizado em 3 de setembro de 2017. Na ocasião, o governo de Kim Jong-un afirmou que se tratava de uma bomba de hidrogênio, muito mais poderosa que uma bomba atômica.

Testes em túneis

Os testes nucleares feitos pela Coreia do Norte ocorreram em um sistema de túneis cavados abaixo do Monte Mantap, perto de Punggye-ri.

Observadores da Coreia do Norte estudam os detalhes da escavação desses túneis para descobrir se o país está se preparando para outro teste nuclear.

Em agosto de 2017, por meio de imagens de satélite, eles apontaram que o local estava pronto para mais um teste - o que ocorreria de fato no mês seguinte, em 3 de setembro.

No início do ano, foram detectados mais movimentos de escavação e equipamentos não identificados foram colocados do lado de fora de um dos túneis.

Os dispositivos de teste são enterrados profundamente no final dos túneis, que terminam em um formato de gancho. O túnel é preenchido novamente com terra para evitar o vazamento radioativo e, em seguida, o dispositivo é detonado.

Colapso

Os cientistas dizem que parte do centro de Punggye-ri entrou em colapso oito minutos e meio após o teste de setembro do ano passado. Foi um "colapso quase vertical no local em direção ao centro de testes nucleares", relataram pesquisadores chineses.

Houve um terremoto de magnitude 6,3 no local logo após o teste.

O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês) registrou um segundo evento sísmico cerca de oito minutos após o teste, que avaliou como um "colapso" da cavidade.

E os tremores continuaram acontecendo dois meses após o teste, com dois terremotos secundários detectados em dezembro - o que gerou especulação sobre a estabilidade das montanhas ao redor.

O que existe por perto

Sabemos mais sobre cidades e vilas chinesas ao longo da fronteira com a Coreia do Norte do que sobre as populações do país que podem estar mais próximas do local de teste.

Pessoas em várias cidades fronteiriças chinesas relataram sentir os tremores da atividade sísmica no momento do teste.

Crianças em idade escolar correram para o ar livre na cidade de Yanji, que fica a 10 quilômetros da fronteira, quando sentiram o tremor, informou à época o jornal Global Times.

Muito perto do local dos túneis está a aldeia de Punngye-ri e a cerca de 80 km fica a cidade norte-coreana de Chongjin, mas não se sabe se essas cidades foram evacuadas ou avisadas de qualquer forma sobre os testes atômicos.

Risco de radiação

A Coreia do Norte afirmou que nenhuma radiação vazou quando realizou seu mais recente teste.

A Administração de Segurança Nuclear da China e a Comissão de Segurança Nuclear da Coreia do Sul realizaram imediatamente após o teste um monitoramento de emergência da radiação.

Especialistas do site americano 38North, que analisa a situação da Coreia do Norte, disseram que radionuclídeos (partículas radioativas) foram detectadas e rastreadas como sendo de um teste nuclear anterior, de fevereiro de 2013.

Eles também apontaram para o segundo terremoto ocorrido no local. Minutos após o abalo sísmico inicial ter sido captado pelos sensores quando o teste ocorreu, havia outro menor, de magnitude de 4,6, acontecendo.

Após os testes anteriores, as autoridades geralmente relataram quantidades muito pequenas de partículas radioativas ou gases nos países vizinhos, embora não haja como medir as quantidades dentro da Coreia do Norte.