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Quem é o biohacker que se injetou com 'remédio artesanal' e foi encontrado morto nos EUA

Traywick anunciou que sua empresa de biohacking criara um tratamento altenativo para herpes, HIV e aids - BBC
Traywick anunciou que sua empresa de biohacking criara um tratamento altenativo para herpes, HIV e aids Imagem: BBC

03/05/2018 14h15

Um biohacker que ficou famoso após aparentemente injetar uma droga não testada contra herpes na frente de uma platéia foi encontrado morto.

O corpo de Aaron Traywick foi encontrado na sala de um spa em Washington DC no domingo, segundo a polícia local.

Segundo reportagem da Vice News, Traywick estava imerso em um tanque de terapia de flotação quando os policiais o encontraram.

O homem de 28 anos era diretor executivo da Ascendance Biomedical. Ele burlou a lei por se automedicar, além de encorajar outras pessoas a fazer o mesmo.

Um porta-voz da polícia afirmou que no local não foram encontrados indícios de assassinato.

Traywick anunciou que sua empresa de biohacking tinha desenvolvido um "composto de pesquisa" artesanal que poderia curar HIV, aids e herpes, mas não tinha documentação suficiente para comprovar isso.

BodyHacking  - BBC - BBC
Jesika Foxx, que tem o globo ocular roxo e orelhas de elfo, é uma das pessoas que participaram da BodyHacking Con
Imagem: BBC

Biohacking é o termo utilizado para definir esforços de indivíduos para alterar sua própria biologia por diferentes meios, incluindo mudanças no estilo de vida e dieta, cirurgias e uso de terapias sem licença.

A BBC questionou Traywick sobre seu comportamento quando o entrevistou na convenção BodyHacking Con em Austin, no Texas, em fevereiro.

Traywick, que tinha herpes, fez uma performance no evento, aparentemente injetando um produto não regulamentado de sua empresa na perna.

No palco, ele se referiu ao produto como um "composto de pesquisa", mas, em conversa com a BBC, ele o descreveu como um "tratamento" - uma afirmação que tinha o potencial de atrair a atenção da Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA, na sigla em inglês).

Traywick disse à BBC que planejava levar seu trabalho para a Venezuela.

Quando questionado se era ético incentivar pessoas doentes a agirem efetivamente como cobaias, Traywick respondeu: "O melhor que podemos fazer é dizer a essas pessoas: 'Sabemos que você não tem acesso a esse medicamento'... Elas não têm outras opções... Tudo o que sabemos é que, se funcionar, elas não morrem."

O trabalho de Traywick também causou preocupação entre outros membros da comunidade de hackers-corporais.

Uma autópsia estava programada para ser realizada no corpo da Traywick, mas os resultados ainda não foram divulgados.