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Resgate na Tailândia: Por que identidade de crianças salvas demorou a ser revelada até para os pais?

09/07/2018 17h59

Por que identidade de crianças salvas demorou a ser revelada até para os pais? Esta foi uma das perguntas feitas por parte do público que acompanhou a épica operação de resgate de 12 meninos e de seu técnico de uma caverna na Tailândia. A operação foi concluída nesta terça-feira.

Durante três dias, no entanto, os coordenadores não divulgaram o nome dos que já haviam sido salvos e não se sabia, por exemplo, se o técnico, que estaria com a saúde bastante abalada, continuava na caverna ou se já recebia cuidados no hospital. Por alguns dias, nem mesmo os pais das crianças resgatadas haviam recebido a confirmação de que seus filhos estavam em segurança.

A BBC News Brasil foi buscar a resposta para a pergunta no serviço tailandês da BBC.

Existe um ditado tailandês que diz: "Evitarás ofender a quem te ajuda pedindo mais do que este lhe dá."

Por isso, segundo profissionais do serviço tailandês da BBC, os pais que aguardavam o resgate dos filhos não pediam mais informações do que as que lhes foram oferecidas, conscientes dos esforços empreendidos pelas autoridades e equipes de resgate.

O povo tailandês, conhecido por ser modesto e respeitoso, valoriza enormemente a mobilização destes agentes e não queria comprometer o andamento das operações pedindo mais informações.

Nesta cultura, é um sinal de agradecimento aceitar o que é dado sem fazer perguntas. Pressionar as autoridades em um momento como este podeira ser considerado ingrato, desrespeitoso e ainda por a operação em risco.

Identidade não foi revelada por respeito às famílias de quem continuava preso

Narongsak Osottanakorn, chefe da equipe de resgate, explicou ainda que a identidade das crianças resgatadas não seria revelada por respeito às famílias cujos filhos continuam presos.

Os parentes ficam todos juntos em um acampamento montado na entrada da caverna. As autoridades não queriam que a celebração de um grupo de pais aumentasse o sofrimento e a angústia dos que ainda aguardavam por uma boa notícia.

Desde que se ficou sabendo do desaparecimento de 12 adolescentes e seu treinador, o povoado mais próximo da caverna, Maesai, ficou muito unido.

Voluntários oferecem alimentos e apoio psicológico às famílias, além de terem arrecadado dinheiro para ajudar os parentes que precisaram se ausentar do trabalho para acompanhar as operações.

Autoridades tailandesas buscaram controlar a informação

As autoridades tailandesas também querem estabelecer um "cordão sanitário" para evitar o vazamento de informações que possa prejudicar o resgate ou atingir a sensibilidade das famílias.

O acesso de celulares no acampamento, por exemplo, está restrito a alguns membros da equipe de resgate. As informações também são compartilhadas apenas com um grupo reduzido de pessoas.

Também há uma preocupação com o trabalho da imprensa. No domingo, Narongsak Osottanakorn criticou a atuação de alguns veículos que fizeram escutas na comunicação da polícia via rádio e que usaram drones para acessar áreas restritas.

Os pais das crianças seguem a orientação das autoridades e também se mantêm reservados.

Como está a saúde dos meninos resgatados?

Segundo as autoridades, eles passam bem, apesar de dois estarem recebendo tratamento para infecção pulmonar.

Autoridades sanitárias explicaram que nessa fase de readaptação fora da caverna, inicialmente eles receberam comidas instantâneas e géis energéticos, mas agora estão comendo alimentos fáceis de digerir. Alguns dos meninos também já viram seus pais - mas apenas através de um vidro.

Resultados de exames complementares são esperados dentro de alguns dias e se todos os sinais de infecção tiverem desaparecido, a expectativa é que as famílias possam visitá-los. No entanto, terão de vestir roupas de proteção e ficar a até 2 metros de distância.

Os meninos também têm de usar óculos escuros depois de terem passado mais de duas semanas na escuridão da caverna.

Ainda de acordo com o chefe da equipe de resgate, até mesmo o contato físico dos jovens resgatados e seus parentes seria evitado até que um risco de infecção tivesse passado, embora possa ser permitido que eles se vejam à distância ou por meio de uma proteção de vidro.

Segundo a equipe de meteorologistas da BBC, há previsões de tempestades tropicais na região próxima à caverna nos próximos dias.

Quem são os garotos e o treinador presos na caverna?

Os garotos fazem parte do time de futebol Wild Boars e têm entre 11 e 17 anos. Acredita-se que eles foram para a caverna no dia 23 de junho, após um treino, para comemorar o aniversário de um dos colegas. Teriam levado apenas alimentos básicos e acabaram presos por causa da inundação.

  • Chanin Vibulrungruang, 11 (Apelido: Titan) - começou a jogar futebol aos 7 anos de idade;
  • Panumas Sangdee, 13 (Apelido: Mig) - escreveu aos pais: "A Navy Seals (a força de operações especiais da Marinha) está cuidando bem de mim";
  • Duganpet Promtep, 13 (Apelido: Dom) - capitão do time de futebol. Estaria sendo sondado por vários clubes profissionais da Tailândia;
  • Somepong Jaiwong, 13 (Apelido: Pong) - sonha em jogar na seleção tailandesa;
  • Mongkol Booneiam, 13 (Apelido: Mark) - descrito pelo professor como "um bom garoto e muito respeitoso";
  • Nattawut Takamrong, 14 (Apelido: Tern) - disse aos pais que não se preocupem com ele;
  • Ekarat Wongsukchan, 14 (Apelido: Bew) - prometeu à mãe que a ajudaria uma vez que fosse resgatado;
  • Adul Sam-on, 14 - membro de uma equipe de vôlei classificada em segundo lugar em um torneio no norte da Tailândia;
  • Prajak Sutham, 15 (Apelido: Note) - descrito por amigos da família como um "rapaz inteligente e tranquilo";
  • Pipat Pho, 15 (Apelido: Nick) - pediu aos pais, na carta, que o levem para comer churrasco quando for resgatado;
  • Pornchai Kamluang, 16 (Apelido: Tee) - disse aos pais: "não se preocupem, eu estou muito feliz";
  • Peerapat Sompiangjai, 17 (Apelido: Night) - completava ano no dia em que o grupo entrou na caverna para comemorar e os pais dizem que o esperam agora para fazer sua festa de aniversário;
  • Treinador assistente Ekapol Chantawong (apelido: Ake), de 25 anos - em carta aos pais dos garotos, pediu desculpas pelo ocorrido, mas eles responderam que não o culpavam.