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Por que Trump e Kim Jong-un já programam um novo encontro

Susan Walsh/AP
Imagem: Susan Walsh/AP

11/09/2018 07h16

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, enviou uma carta "muito cordial" ao presidente dos EUA, Donald Trump, solicitando uma nova reunião entre os dois, segundo informou a Casa Branca.

E o governo americano já está agendando o encontro.

De acordo com a secretária de Imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, o aceno mostra o "compromisso contínuo de Pyongyang com a desnuclearização".

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As negociações sobre o tema pareciam ter estagnado após a histórica cúpula entre os dois líderes em Cingapura, em junho deste ano. Foi a primeira vez que um presidente dos EUA se reuniu com um líder norte-coreano.

"O objetivo principal da carta era solicitar e agendar outra reunião com o presidente, à qual estamos abertos e já estamos coordenando", disse Sanders.

Ela não deu, no entanto, nenhuma indicação de quando o encontro poderia acontecer.

O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, recebeu bem a notícia, dizendo que "a completa desnuclearização da península coreana é uma questão que deve ser resolvida fundamentalmente entre os EUA e a Coreia do Norte por meio de negociações".

Moon foi crucial na intermediação da cúpula de Cingapura e deve se encontrar com Kim na próxima semana, em Pyongyang, para uma terceira rodada de conversas.

A correspondente da BBC em Seul, Laura Bicker, diz que o presidente se vê como um mediador entre ambos os lados e que teria pedido a eles que tomem passos corajosos.

A carta de Pyongyang chega um dia depois de Yukiya Amano, chefe da agência nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU), ter advertido que as atividades nucleares da Coreia do Norte violam as resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

A Coreia do Norte proibiu a visita de inspetores internacionais, mas Amano disse que eles estão prontos para retornar ao país se um acordo político for alcançado.

'Vamos provar que todos estão errados'

Sanders também elogiou o desfile militar da Coreia do Norte no último fim de semana, dizendo que, "pela primeira vez, ele não foi sobre seu arsenal nuclear". Ela atribuiu isso ao "enorme sucesso" das políticas do governo Trump.

9.set.2018 - Desfile de comemoração dos 70 anos do país não exibiu mísseis intercontinentais, tema sensível na relação entre Coreia e EUA - Ed Jones/AFP - Ed Jones/AFP
9.set.2018 - Desfile de comemoração dos 70 anos do país não exibiu mísseis intercontinentais, tema sensível na relação entre Coreia e EUA
Imagem: Ed Jones/AFP

Embora a Coreia do Norte tenha ostentado soldados, tanques e outros armamentos, não exibiu mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs, na sigla em inglês) no desfile que celebrou seu 70º aniversário.

Caso tivesse ocorrido, a apresentação de ICBMs - com capacidade de alcançar o continente americano, carregando potencialmente ogivas nucleares - poderia ser vista como uma provocação.

O próprio Trump agradeceu o líder norte-coreano pelo Twitter, dizendo que o desfile foi "uma declaração muito positiva da Coreia do Norte".

"Obrigado, presidente Kim. Nós vamos provar que todos estão errados!"

Na cúpula de junho em Cingapura, os dois líderes assinaram um acordo para trabalhar pela desnuclearização da península coreana.

Mas o pacto não previu um cronograma, detalhes ou quaisquer mecanismos para verificar o andamento do processo.

Aconteceram conversas e visitas na sequência, mas a última viagem programada pelo secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, foi cancelada no último minuto.