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A surpreendente decisão do rei da Suécia de excluir cinco netos da família real

Anúncio marca mudança na imagem pública da Casa Real sueca - Royal Court of Sweden/BBC
Anúncio marca mudança na imagem pública da Casa Real sueca Imagem: Royal Court of Sweden/BBC

Redação - BBC News Mundo

08/10/2019 13h10

Em vez de crescer, a Casa Real sueca decidiu reduzir o número de seus membros.

O rei Carl 16º Gustaf da Suécia excluiu cinco netos da Casa Real, segundo anúncio feito nesta terça-feira (8).

A decisão do monarca significa que os garotos não terão mais status de alteza real e tampouco se espera que cumpram funções reais oficiais.

Mas continuarão sendo membros da família real, com seus títulos de duques e duquesas.

A mudança não afeta, no entanto, os dois netos do rei que estão na linha direta de sucessão do trono, Estelle e Óscar.

Segundo especialistas em realeza sueca, a medida responde a uma pressão sobre o alto custo de manter tantos membros da família real em funções oficiais.

Em 2017, foram gastos cerca de R$ 28,6 milhões com a administração da corte, incluindo, por exemplo, os gastos com viagens do rei, seus 69 funcionários em tempo integral e os recursos direcionados aos membros da família real. A gestão do palácio, que envolve áreas como a manutenção do mobiliário e das coleções de arte, consumiu outros R$ 27,7 milhões.

Quem foi excluído?

A decisão, anunciada em comunicado publicado pela Corte Real da Suécia, diz respeito aos dois filhos do príncipe Carl Philip, Alexander e Gabriel, e aos três filhos da princesa Madeleine: Leonore, Nicolás e Adrienne.

Além de liberá-los de seus deveres reais, a mudança significa que as crianças com idades entre um e cinco anos não terão direito a receber a quantia anual bancada pelos contribuintes conhecida como appanage, concedida aos membros da Casa Real.

A medida não afeta o status dos pais das crianças.

A princesa Madeleine, o príncipe Carl Philip e sua mulher, a princesa Sofia, "continuarão o trabalho nas fundações e organizações sem fins lucrativos que fundaram ou nas quais estão envolvidos. Além disso, desempenharão deveres oficiais conforme decidirem", diz o comunicado.

A primogênita é a princesa Victoria, nascida em 1977, que só se tornou herdeira do trono em 1980, quando foi aprovada uma lei determinando que a coroa cabe ao filho mais velho, independentemente do sexo.

A Suécia é hoje uma democracia parlamentarista e a família real representa um símbolo de união da nação.

Apesar de o rei da Suécia ser, oficialmente, o chefe de Estado, tem funções apenas cerimoniais.

O que a medida significa?

O especialista em realeza Roger Lundgren disse que a decisão seguiu a pressão pública contra o crescente número de membros da realeza.

"O Parlamento anunciou há alguns anos que revisaria alguns princípios relativos à monarquia. Um aspecto era o tamanho da família", disse ele à BBC.

Segundo Lundgren, o rei sueco decidiu lidar com o problema e comparou a mudança aos relatos de que o príncipe de Gales do Reino Unido queria "racionalizar a família real".

Ele também comparou o novo papel desses cinco netos da realeza sueca ao das princesas Beatrice e Eugenie, do Reino Unido, que seguiram suas próprias trajetórias.

O historiador sueco Dick Harrison disse que a decisão foi tomada para atender às necessidades modernas da família, já que a Casa Real havia crescido mais recentemente do que em cem anos e que muitos pensavam que não havia necessidade de bancar tantos membros ou tê-los disponíveis para funções oficiais.

Ser removido da casa real também permitiria aos jovens "viver vidas comuns", disse o especialista à BBC. "Eles não precisam se preocupar em viver cercados. São transformados em pessoas comuns, mas ainda são membros do 'clube real'."

Ainda segundo ele, as crianças, que ainda são príncipes e princesas, provavelmente continuarão aparecendo em reuniões sociais em razão de seus títulos.

"O rei está antecipando uma discussão que de qualquer forma ocorreria", disse Harrison, em referência ao controverso debate público sobre o financiamento da Casa Real na Suécia.

A Suécia é apenas um dos vários países europeus a ter uma monarquia ao lado de países como com Reino Unido, Noruega, Dinamarca, Espanha, Holanda e Bélgica. As tradições e o número de pessoas em funções reais variam entre os países.