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Brasileiros relatam como escaparam por pouco de vulcão que matou ao menos 5 pessoas na Nova Zelândia

Reuters
Imagem: Reuters

09/12/2019 07h52

Um casal de brasileiros relatou em sua página no Instagram como escapou por pouco da erupção de um vulcão na Nova Zelândia que matou ao menos cinco pessoas nesta segunda-feira (9).

"A coisa mais louca da nossa vida acaba de acontecer. A gente passeou no vulcão uma hora e pouco. Dez minutos depois que a gente deixou (o local) e entrou no barco, o vulcão entrou em erupção", relatou Aline Moura no Instagram.

"A gente viu aquela fumaça negra cada vez mais alta vindo na nossa direção."

Conhecido como Whakaari ou White Island, o vulcão é um dos mais ativos do país e fica numa ilha particular que funciona como um tradicional ponto turístico.

Segundo a brasileira, que estava acompanhada de Allessandro Kauffmann, o passeio desta segunda-feira era tido como incerto porque o guia os informou que no dia anterior havia sido detectada uma atividade no vulcão.

"Dois tours foram para esse vulcão, e um deles era o nosso", explicou ele em seu perfil na mesma rede social.

De acordo com o relato deles, que vivem na Austrália e estavam no primeiro dia de viagem, depois da erupção o barco em que estavam deu uma volta na ilha para ajudar no resgate dos sobreviventes. Passaram quase uma hora no local até voltar à costa.

"Todo mundo estava machucado por causa do ar, da água quente. Tava todo mundo com queimaduras, alguns muito graves, outros nem tanto. E não sei ainda se resgataram todas as pessoas", descreve Moura.

Segundo eles, helicópteros usados em outros passeios naquele momento ficaram completamente destruídos.

A BBC News Brasil não conseguiu em entrar em contato com eles para obter mais informações sobre o episódio.

Michael Schade, outro turista que estava no mesmo barco que os brasileiros, registrou o momento em que visitantes que estavam no outro grupo foram resgatados no píer da ilha.

A polícia neozelandesa informou que 23 pessoas foram resgatadas, cinco morreram e outras estão desaparecidas. Segundo as autoridades, menos de 50 pessoas estavam na ilha no nomento da erupção.

Uma transmissão oficial ao vivo do local mostrava um grupo de turistas dentro da cratera poucos instantes antes de a imagem ficar escura.

Equipes de resgate estão com dificuldade de chegar até o local por causa do risco de novas explosões.

A erupção era esperada?

A erupção do vulcão começou por volta das 14h11 desta segunda-feira do horário local (ou 22h11 do domingo no horário de Brasília).

Em 3 de dezembro, o site de monitoramento de risco geológico GeoNet alertou que "o vulcão poderia estar entrando em um período em que a atividade eruptiva é mais provável do que o normal", embora tenham acrescentado que "o nível atual de atividade não representa um risco direto para os visitantes".

A professora Jan Lindsay, da Universidade de Auckland, afirmou que o nível de alerta havia sido recentemente elevado de um para dois. "Havia um nível elevado de agitação e todos estavam cientes.".

"Ele [o vulcão] tem um sistema hidrotérmico persistentemente ativo. Se os gases se acumularem sob um bloco de argila ou lama, eles podem ser liberados de repente", explicou ela.

"É possível que não haja magma envolvido, que seja apenas uma erupção freática - uma erupção a vapor. Ainda não sabemos."

Imagem da transmissão ao vivo feita da cratera do vulcão - BBC - BBC
Imagem da transmissão ao vivo feita da cratera do vulcão
Imagem: BBC

Questionada se visitantes poderiam estar na ilha, ela afirmou: "É uma pergunta difícil. Muitas vezes (o vulcão) está em um estado de agitação."

"É uma ilha de propriedade privada e com muitos operadores turísticos privados. Não faz parte de uma área de conservação - e, portanto, não está sob controle do governo."

Segundo ela, o instituto de geociência da Nova Zelândia (GNS) publicou boletins de alerta e se comunicou com as empresas de turismo "Eles sabem qual é o risco."

White Island sofreu várias erupções ao longo dos anos, mais recentemente em 2016, mas ninguém ficou ferido.

Depois da erupção nesta segunda-feira, a polícia emitiu alertas para as pessoas que moram perto da área para "estarem cientes do potencial de queda de cinzas" e para ficarem dentro de casa.

O sismólogo Ken Gledhill disse: "Era quase como um tipo de erupção na garganta - e é por isso que o material provavelmente não chegará ao continente da Nova Zelândia.

"Subiu cerca de 12 mil metros no céu. No campo das erupções vulcânicas, não é grande, mas se você estiver perto, não será algo bom."