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Avião cai no Irã: o que se sabe sobre queda do Boeing 737 ucraniano que caiu com 176 pessoas a bordo

Aeronave transportava 168 passageiros e nove tripulantes a bordo - AFP
Aeronave transportava 168 passageiros e nove tripulantes a bordo Imagem: AFP

08/01/2020 06h19

Um avião ucraniano com mais de 170 pessoas a bordo caiu na manhã de hoje no Irã.

A queda do Boeing-737 teria ocorrido logo após a decolagem, às 6h12 (horário local), do aeroporto internacional Imam Khomeini, em Teerã, conforme informou a Fars, agência estatal de notícias.

O voo PS752 da companhia Ukraine International Airlines seguia da capital iraniana com destino a Kiev, na Ucrânia.

E, de acordo com a agência humanitária Crescente Vermelho, não há chance de encontrar sobreviventes.

A embaixada da Ucrânia em Teerã responsabilizou inicialmente uma falha do motor pelo acidente, mas depois retirou a declaração.

E afirmou que qualquer comentário sobre a causa do acidente antes do fim da investigação não era oficial.

"De acordo com as informações preliminares, o avião caiu como resultado de uma falha no motor por razões técnicas. Neste momento, a versão de um ataque terrorista está descartada", dizia o texto publicado inicialmente no site do Ministério de Relações Exteriores da Ucrânia.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que estava em viagem a Omã, anunciou que estava voltando para Kiev. E alertou contra "especulações ou teorias sobre a tragédia" até que os relatórios oficiais estivessem prontos.

"Minhas sinceras condolências aos parentes e amigos de todos os passageiros e tripulantes", acrescentou em comunicado.

De acordo com o primeiro-ministro da Ucrânia, Oleksiy Honcharuk, havia 168 passageiros e nove tripulantes a bordo do voo.

Entre as vítimas, estão 82 iranianos, 63 canadenses, 11 ucranianos, incluindo toda a tripulação, 10 suecos, quatro afegãos, três britânicos e três alemães, disse o ministro das Relações Exteriores, Vadym Prystaiko.

Equipes de resgate foram enviadas para o local do acidente, mas o chefe do Crescente Vermelho no Irã afirmou à imprensa estatal que era "impossível" alguém ter sobrevivido.

De acordo com Zelensky, a Ucrânia organizou aviões especiais para voar até o Irã e repatriar os corpos das vítimas, o que estava pendente apenas da aprovação do governo iraniano.

A caixa preta do avião já teria sido encontrada, segundo informou a emissora estatal iraniana IRIB.

O analista de segurança da aviação Todd Curtis disse à BBC que a aeronave envolvida no acidente foi fabricada em 2016 e entregue nova à companhia aérea.

"O avião estava muito fragmentado, o que significa que houve um impacto intenso no solo ou algo aconteceu no céu", avalia.

"Ao que parece, este era um avião bem cuidado e não havia questões pendentes no que se refere às autoridades europeias ou americanas; portanto, neste momento não há nada que indique uma causa específica."

Curtis afirmou ainda que as autoridades iranianas, ucranianas, americanas e francesas estariam envolvidas na investigação, mas não está claro como vão trabalhar juntas. Atualmente, o Irã está sob sanção dos EUA, e há uma grande tensão entre os dois países.

"Eles vão começar a reconstituir a história do que aconteceu naquele avião... para ver se há algo sobre a condição da aeronave ou o combustível a bordo que possa ter levado a isso."

"E também não se pode descartar a possibilidade de que algo fora da aeronave, uma colisão no ar ou alguma outra questão, possa estar envolvido", acrescentou.

Há milhares de Boeings 737-800 em operação em todo o mundo. Até hoje, foram registrados 10 incidentes com essas aeronaves, incluindo este acidente, onde pelo menos um passageiro morreu, informou Curtis.

É a primeira vez que um avião da Ukraine International Airlines se envolve em um acidente fatal.

Mais cedo, havia especulações de que o incidente poderia estar relacionado ao conflito entre o Irã e os EUA.

A tensão entre os dois países escalou drasticamente na última sexta-feira, após a morte do general iraniano Qasem Soleimani, em um ataque aéreo ordenado pelo presidente americano, Donald Trump, em Bagdá.

E levantou temores de um conflito direto entre as duas potências.

Em retaliação à morte do general, considerado um herói nacional no país persa, o Irã disparou mísseis na noite de terça-feira contra duas bases aéreas que abrigam tropas americanas no Iraque.