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Itália apreende 1 bi de euros em anfetamina 'fabricada para financiar o Estado Islâmico'

Captagon falsificado é uma das drogas mais populares entre jovens ricos no Oriente Médio  - EPA
Captagon falsificado é uma das drogas mais populares entre jovens ricos no Oriente Médio Imagem: EPA

01/07/2020 16h46

A polícia italiana apreendeu o que eles acreditam ser um recorde mundial de 14 toneladas de anfetamina que suspeitam ter sido fabricada na Síria para financiar o grupo jihadista Estado Islâmico.

Cerca de 84 milhões de comprimidos falsificados de Captagon no valor estimado de 1 bilhão de euros foram encontrados em contêineres no porto de Salerno.

Eles estavam escondidos dentro de grandes tambores de papel e rodas de engrenagem.

Os policiais estão investigando se há envolvimento de grupos criminosos locais ligados à Camorra, uma das maiores máfias da Itália.

Impacto da pandemia

Captagon é uma marca comercial do estimulante sintético fenetilina. Era originalmente usado para tratar o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e a narcolepsia, mas muitos países proibiram o medicamento durante a década de 1980 por causa de suas propriedades viciantes.

Agora, Captagon falsificado é uma das drogas mais populares entre jovens ricos no Oriente Médio, particularmente nos estados árabes do Golfo.

A droga também foi consumida por combatentes na guerra civil na Síria, incluindo militantes do EI, que valorizam sua capacidade de inibir o medo e afastar o cansaço.

Acredita-se que a Síria seja o maior produtor e exportador de Captagon falsificado.

Um comunicado da polícia de Nápoles disse que o EI - que antes controlava grandes áreas da Síria e ainda tem milhares de membros operando dentro do país - era suspeito de produzir grandes quantidades da droga em áreas onde exercia influência para se financiar com o tráfico.

As pílulas apreendidas em Salerno eram suficientes para suprir todo o mercado europeu, e era provável que um "consórcio" de grupos criminosos estivesse envolvido em sua distribuição pelo continente.

"A hipótese é que durante o bloqueio [devido ao coronavírus] a produção e a distribuição de drogas sintéticas na Europa praticamente pararam", acrescentou o comunicado.

"Muitos contrabandistas, mesmo em consórcios, se voltaram para a Síria, onde a produção, no entanto, parece não ter desacelerado."