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Primo da Rainha Elizabeth 2ª, príncipe é acusado de oferecer acesso a Putin em troca de dinheiro

Repórteres disfarçados de investidores da Coreia do Sul gravaram príncipe Michael de Kent - PA MEDIA
Repórteres disfarçados de investidores da Coreia do Sul gravaram príncipe Michael de Kent Imagem: PA MEDIA

George Bowden - BBC News

09/05/2021 11h48

Repórteres disfarçados de investidores da Coreia do Sul gravaram príncipe Michael de Kent; ele estaria disposto a usar status real para interceder junto ao regime do presidente russo.

O príncipe Michael de Kent, primo da Rainha Elizabeth 2ª, do Reino Unido, estava disposto a usar seu status como membro da realeza britânica para interceder junto ao regime de Vladimir Putin em troca de dinheiro, segundo uma reportagem investigativa.

O primo da rainha Elizabeth 2ª foi filmado em uma reunião em que repórteres disfarçados de investidores da Coreia do Sul foram informados de que ele poderia ser contratado para fazer representações "confidenciais" no Kremlin.

Seu amigo, Simon Isaacs, o marquês de Reading, mais tarde o descreveu como "o embaixador não oficial de Sua Majestade na Rússia".

O príncipe, de 78 anos, negou as acusações.

Por meio de um comunicado, seu porta-voz disse que o marquês "fez insinuações que o príncipe Michael não teria desejado ou não seria capaz de cumprir" durante a reunião gravada secretamente.

Eles acrescentaram: "Como é prática normal, o secretário particular do Príncipe Michael deixou claro aos representantes da empresa durante suas conversas que nada poderia acontecer sem o acordo da Embaixada Britânica e a ajuda da Câmara de Comércio Russo-Britânica, da qual o Príncipe Michael é patrono."

O jornal Sunday Times e a emissora Channel 4, responsáveis pela reportagem, alegam que o marquês descreveu o príncipe Michael como sendo capaz de se encontrar com Putin e fazer representações em nome de uma empresa criada pelos repórteres.

O marquês os teria avisado que os serviços do príncipe eram "confidenciais", acrescentando: "Estamos falando sigilosamente aqui porque não queremos que o mundo saiba que ele está se encontrando com Putin apenas por motivos comerciais."

Ele estimou que o príncipe poderia cobrar de clientes na região 50 mil libras (R$ 370 mil) por uma viagem de cinco dias à Rússia, afirma a reportagem.

O príncipe também parecia disposto a dar à companhia fictícia seu endosso real em um discurso gravado por US$ 200 mil, e usar sua casa no Palácio de Kensington como pano de fundo.

O gabinete do príncipe Michael negou ao Sunday Times que ele tivesse um "relacionamento especial" com o presidente russo e disse em um comunicado que não havia mantido contato com Putin ou seu gabinete por quase 18 anos.

Promessas

O jornal disse que o marquês mais tarde enviou um e-mail aos repórteres em que sugeria estar arrependido de ter sido franco demais sobre o príncipe e a Rússia.

O e-mail dizia que qualquer acordo estaria sujeito aos conselheiros do príncipe para se certificar de que tudo estava correto.

Em nota divulgada pelo jornal, o marquês disse ter cometido um erro e "prometido demais" durante o encontro com os repórteres disfarçados e por isso estava "verdadeiramente arrependido".

O Príncipe e a Princesa Michael de Kent não são membros ativos da Família Real, mas representaram a Rainha no passado. Antes da pandemia, eles compareciam a cerca de 200 encontros por ano, de acordo com o site da Família Real.

O site inclui uma biografia que descreve o príncipe como estando "ligado à Rússia por meio de sua avó materna" e como tendo "um forte interesse pelo país".

A biografia diz que ele "se tornou o primeiro membro da Família Real a aprender russo, qualificando-se como intérprete de russo".

O príncipe e a princesa não recebem dinheiro público.

Ele ganha a vida por meio de uma empresa de consultoria estabelecida há muito tempo e o casal paga aluguel de mercado e taxas por sua casa no Palácio de Kensington, disse um porta-voz do príncipe.

Seu pai, o príncipe George, era o quarto filho de George 5º e irmão de George 6º, o pai da rainha.