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França: DNA de ex-policial encerra busca de 35 anos por serial killer

Confissão e testes de DNA trazem respostas a um dos casos não resolvidos mais famosos da França - AFP
Confissão e testes de DNA trazem respostas a um dos casos não resolvidos mais famosos da França Imagem: AFP

01/10/2021 08h50

Por décadas, os crimes de um notório assassino em série assombraram o esquadrão do crime de Paris. Mas agora um ex-policial militar teria confessado ser o assassino conhecido como Le Grêlé — o homem marcado — antes de se matar. O assassino tinha esse apelido em referência ao seu rosto, marcado por acne.

Nomeado pela imprensa francesa como François Vérove, seu DNA foi combinado com várias cenas de crime ligadas a Le Grêlé. Em uma nota de suicídio, ele teria confessado ser o assassino cujos crimes chocaram Paris nas décadas de 1980 e 1990.

A confissão do suspeito morto e os testes de DNA trazem respostas a um dos casos não resolvidos mais famosos da França.

Le Grêlé é suspeito de estar por trás de vários assassinatos e estupros que chocaram Paris entre 1986 e 1994, mas até agora nunca foram resolvidos.

Vérove foi ligado a quatro assassinatos e seis estupros. No entanto, Didier Saban, advogado que representa as famílias, diz que podem ter ocorrido outros casos e que a morte dele deixou muitas famílias sem respostas. "Jamais saberemos todos os crimes que Le Grêlé cometeu", disse.

'Muito seguro de si'

Entre os crimes chocantes atribuídos a ele está o assassinato de Cécile Bloch, de 11 anos. Ela foi considerada desaparecida após não comparecer à escola na cidade de Fontainebleau, em 1986.

Seu corpo foi encontrado mais tarde sob um pedaço de carpete velho no porão do prédio em que ela morava. As autoridades disseram que ela havia sido estuprada, estrangulada e esfaqueada.

Moradores, incluindo o meio-irmão de Bloch, Luc Richard, lembram-se de ter visto um homem com marcas de acne no elevador no dia do crime.

Richard, que ajudou a polícia a fazer um esboço do suspeito, descreveu o homem como "muito seguro de si".

"Ele me disse algo como: 'Tenha um dia muito, muito bom'", lembrou ele em uma entrevista ao jornal Sud Ouest em 2015.

Evidências de DNA ligaram o assassino de Bloch a outros assassinatos e estupros. Isso incluiu o assassinato de 1987 de Gilles Politi, de 38 anos, e de sua au pair alemã Irmgard Müller.

Reportagens da imprensa local afirmam que ele também foi ligado ao assassinato de Karine Leroy, de 19 anos, em 1994, que foi encontrada morta na beira de um bosque mais de um mês depois de desaparecer a caminho da escola.

Em estupros cometidos contra uma alemã de 26 anos e duas meninas, de 14 e 11 anos, o suspeito teria se identificado como policial.

Cartas a policiais

Uma foto de Le Grêlé está pendurada há décadas nas paredes da brigada criminal da polícia judiciária de Paris. O caso arquivado teve andamento quando um juiz decidiu recentemente enviar cartas a 750 policiais militares que atuavam na região de Paris na época.

O homem de 59 anos encontrado morto era gendarme (policial militar) antes de se tornar policial e depois se aposentar. Ele foi convocado pela polícia em 24 de setembro para dar uma amostra de DNA cinco dias depois. A esposa denunciou o desaparecimento dele em 27 de setembro.

Seu corpo foi encontrado nesta semana em um apartamento em um resort à beira-mar perto da cidade de Montpellier, no sul do país. E promotores disseram que seu DNA correspondeu às evidências encontradas em várias cenas de crime.

O conteúdo da carta não foi confirmado, mas reportagens na França dizem que ele teria confessado ter experimentado "impulsos anteriores" ao dizer que desde então "se recompôs". Ele teria admitido assassinatos sem detalhar vítimas ou circunstâncias.