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Pais de adolescente suspeito de atirar em colegas são presos nos EUA

James e Jennifer Crumbley foram presos sob acusação de "homicídio involuntário" - EPA
James e Jennifer Crumbley foram presos sob acusação de 'homicídio involuntário'
Imagem: EPA

Da BBC

04/12/2021 17h14

Os pais de um adolescente suspeito de participação em um tiroteio em uma escola dos Estados Unidos negaram as acusações de homicídio involuntário feitas pela Promotoria da cidade de Oxford, em Michigan. Eles foram presos neste sábado.

James e Jennifer Crumbley foram encontrados escondidos em um porão de Detroit, depois de não se apresentarem ao tribunal na sexta-feira.

O juiz fixou uma fiança de US$ 500 mil (cerca de R$ 2,8 milhões) para cada um. O magistrado afirmou que há um risco de que o casal Crumbley fuja.

Eles são acusados de ignorar os sinais de alerta de que seu filho poderia praticar algum ato de violência.

A promotoria afirma que Ethan Crumbley, de 15 anos, usou a arma do pai para atirar em colegas de classe na cidade de Oxford, em Michigan, matando quatro crianças e ferindo sete.

Os advogados dos Crumbleys disseram que o casal pretendia se entregar às autoridades na manhã deste sábado, conforme noticiou a imprensa americana.

No entanto, relatos publicados pela mídia afirmam que o casal retirou US$ 4.000 (R$ 22,4 mil) de um caixa eletrônico e desligou os telefones celulares.

Ethan Crumbley foi acusado de abrir fogo contra colegas e professores em sua escola em Oxford, a cerca de 60 km de Detroit, na última terça-feira.

As quatro vítimas são Tate Myre, 16, Madisyn Baldwin, 17, Hana St Juliana, 14, e Justin Shilling, 17.

Ethan Crumbley está sendo acusado como adulto. Ele também enfrenta uma acusação de terrorismo, quatro acusações de homicídio em primeiro grau, sete acusações de agressões com intenção de homicídio e 12 acusações de porte de arma de fogo.

A promotora principal do condado de Oakland, Karen McDonald, disse que a acusação de terrorismo não era "usual" nem "típica", mas refletia o impacto mais amplo que o tiroteio teria.

"E todas as crianças que correram, gritando, se escondendo debaixo de escrivaninhas? E todas as crianças que estão em casa agora e não conseguem comer e dormir, que não conseguem imaginar um mundo onde esse episódio não existiu?", diz McDonald.

"Elas também são vítimas, assim como suas famílias e a comunidade. A acusação de terrorismo reflete isso", justifica a promotora.

Por que os pais foram acusados?

Na sexta-feira, McDonald reconheceu que acusar os pais pelo suposto crime de uma criança também era um procedimento incomum.

De acordo com a investigação de seu escritório, o menino estava com seu pai na sexta-feira passada quando Crumbley comprou a arma de fogo que teria sido usada no tiroteio.

Mais tarde, naquele mesmo dia, o adolescente postou nas redes sociais uma imagem da nova arma de seu pai. Sobre ela, escreveu "minha nova beleza", adicionando um emoji de coração.

Apenas um dia antes do tiroteio, uma professora disse que flagrou o garoto procurando munição em um site. O fato gerou uma reunião com funcionários da escola, disse McDonald. Depois de ser informada do incidente, Jennifer Crumbley mandou uma mensagem para o filho: "LOL, não estou com raiva de você. Você tem que aprender a não ser pego."

E, na terça-feira de manhã - horas antes do tiroteio - o casal Crumbley foi chamado à escola para uma reunião urgente depois que os professores encontraram um bilhete de seu filho, incluindo vários desenhos de armas de fogo e pessoas ensanguentadas ao lado de legendas como "os pensamentos não param. Ajude-me". Outra mensagem dizia "sangue em todos os lugares". O menino também havia escrito "Minha vida é inútil" e "O mundo está morto", segundo a promotoria.

Funcionários da escola pediram que os pais procurassem aconselhamento para o filho.

Mas o casal não queria que ele fosse retirado da escola naquele dia, disse McDonald, e não perguntaram se ele estava com a arma ou revistaram sua mochila.

Às 13h22 do mesmo dia, Crumbley mandou uma mensagem ao filho para dizer: "Ethan, não faça isso". Minutos depois, seu marido ligou para a polícia para relatar que sua arma tinha desaparecido, segundo a promotora do caso.

Autoridades afirmam que o menino saiu do banheiro da escola e abriu fogo contra outros alunos.

McDonald diz que as acusações visam responsabilizar os Crumbleys e enviar uma mensagem sobre a posse responsável de armas de fogo.

"A ideia de que um pai leu essas palavras e sabia que seu filho tinha acesso a uma arma mortal é inconcebível e criminosa", disse ela.

A promotora já havia notado que, embora a arma tenha sido comprada legalmente, ela "parece ter sido disponibilizada gratuitamente" para o uso da criança. Segundo ela, o suspeito tirou a arma de uma gaveta destrancada do quarto dos pais e a levou para a escola.

As leis dos Estados Unidos, tanto federais quanto estaduais, não exigem que os proprietários mantenham suas armas de fogo protegidas dos filhos.

Em uma mensagem de vídeo postada no YouTube na quinta-feira, o superintendente da escola, Tim Throne, disse que, embora o menino e seus pais tenham sido chamados à escola, "nenhuma medida disciplinar se justificava" na época.

Ele acrescentou que a escola parecia uma "zona de guerra" e não estaria pronta para operar novamente por semanas.

A promotora Karen McDonald alegou na sexta-feira que, quando James Crumbley ouviu o relato sobre o tiroteio, ele "dirigiu direto para sua casa para procurar sua arma" antes de ligar para as autoridades para dizer que suspeitava que seu filho era o autor do crime.

"Estou com raiva como mãe. Estou com raiva como promotora. Estou com raiva como uma pessoa que mora neste condado", disse ela. "Havia muitas coisas que poderiam ser tão simples de prevenir."

Ela disse que seu escritório tinha "uma montanha de evidências" para mostrar que o suspeito havia planejado o ataque "bem antes do incidente".