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UE vai oferecer dinheiro à África para retorno de refugiados, diz revista

29/08/2015 09h29

Comissão Europeia quer oferecer mais de um bilhão de euros para países africanos receber de volta migrantes sem direito de asilo, diz "Spiegel". ONU exige caminhos legais para entrada de refugiados na União Europeia.

O site da revista alemã Der Spiegel informou neste sábado (29/08) que, diante do crescente número de refugiados, a União Europeia (UE) pretende forçar o retorno para os seus países de origem de requerentes de asilo cujos pedidos foram recusados.

Segundo a revista, a UE pretende criar novos estímulos para que países africanos recebam de volta os migrantes sem direito de asilo. Assim, no próximo encontro de cúpula UE-África a se realizar em novembro, em Malta, a Comissão Europeia deseja oferece mais de um bilhão de euros adicionais para um fundo fiduciário, disse a Spiegel.

De acordo com a publicação alemã, muitos ministros do Interior do bloco europeu esperam que o pagamento desse dinheiro esteja condicionado, ainda mais fortemente, à cooperação dos Estados africanos com vista ao retorno dos refugiados.

Fracasso de alguns governos

Também em sua edição deste sábado, o jornal alemão Die Welt anunciou que o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, teria acusado diversos países da UE de um "jogo indigno" e de "fracasso" quanto à distribuição de refugiados pelo bloco europeu.

Em entrevista, Schulz afirmou ao jornal berlinense: "Não estamos lidando com uma falha da UE, mas com um fracasso gritante de alguns governos que se esquivam de sua responsabilidade, ao tentar impedir uma solução europeia comum."

O político social-democrata europeu exigiu que tais Estados recebam mais migrantes: "Os governos de alguns países-membros devem abolir, finalmente, o seu bloqueio e pôr um fim a esse jogo indigno."

Discussão internacional

As tragédias dos refugiados no Mar Mediterrâneo e na Áustria desencadearam uma nova discussão internacional sobre uma mudança de curso na política de asilo. As Nações Unidas, políticos e organizações de ajudas aos refugiados exigem caminhos legais de entrada na União Europeia.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, convocou os governos para uma cúpula internacional sobre refugiados em 30 de setembro em Nova York. Nesta sexta-feira, Ban Ki-moon afirmou em declaração que, apesar de todas as ações de resgate da União Europeia, o Mediterrâneo "continua uma armadilha mortal para refugiados e migrantes".

Segundo Ban, o elevado número de refugiados remonta a problemas mais profundos, como guerra, violência e repressão. "Trata-se de uma crise de solidariedade, não de números", declarou o secretário-geral. Ele exigiu o combate veemente a traficantes inescrupulosos de seres humanos e à criação de caminhos legais e seguros de fuga.

Milhares de mortos

Na última quinta-feira, foi encontrado no acostamento de uma autoestrada na Áustria um caminhão abandonado com os corpos de 71 refugiados, aparentemente sírios. Na Hungria, quatro homens suspeitos de serem os atravessadores responsáveis pelo caminhão da morte foram presos e estão sendo interrogados.

E na sexta-feira, suspeita-se que mais de 200 refugiados tenham morrido na costa líbia. Segundo dados da ONU, somente neste ano, mais de 300 mil migrantes tentaram chegar à Europa através do perigoso caminho pelo Mediterrâneo.

Desses, 200 mil vieram para a Grécia, 110 mil para a Itália. De acordo com as estimativas, neste ano, por volta de 2,5 mil pessoas morreram ao tentar a travessia do Mediterrâneo.

CA/epd/kna