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Terra perderá dois terços da vida selvagem até 2020, diz estudo

27/10/2016 12h25

Relatório destaca que, entre 1970 e 2012, população global de peixes, aves, mamíferos, anfíbios e répteis diminuíram 58%, e pinta cenário sombrio para o futuro: "Uma possível sexta extinção em massa."Um relatório da organização ambientalista WWF e da Sociedade de Zoologia de Londres divulgado nesta quinta-feira (27/10) indica que a vida selvagem poderá se reduzida em 67% em todo o mundo, num período de apenas 50 anos que se encerra no final desta década.O relatório, intitulado Planeta Vivo, afirma que as populações humanas subjugam o planeta em níveis "sem precedentes" na história. E sugere que, para mudar esse quadro, são necessárias transformações no modo como as sociedades se abastecem e se alimentam.Entre 1970 e 2012, as populações globais de peixes, aves, mamíferos, anfíbios e répteis diminuíram 58%, diz o estudo. Isso significa que, num período de 50 anos, que termina em 2020, essas populações poderão ser reduzidas em até dois terços do total.O ano de 2020, porém, também é de "grandes promessas", segundo o relatório, com o início dos compromissos assumidos por 196 países no Acordo de Paris, que estabelece metas para a redução de emissões de gases do efeito estufa e a diminuição de uso de combustíveis fósseis, limitando o aquecimento global ao máximo de 2ºC acima dos níveis pré-industriais.Segundo o WWF, as medidas previstas no acordo poderão contribuir para garantir as reformas necessárias nos sistemas de produção de alimentos e de energia para proteger a vida selvagem em todo o mundo.Exploração abusivaO estudo avalia que a principal causa da destruição dos habitats naturais e da exploração abusiva dos animais selvagens é a produção de alimentos. "Atualmente, a agricultura ocupa cerca de um terço da área total da Terra e é responsável por quase 70 % do uso da água", afirma o documento."A vida selvagem está desaparecendo das nossas vidas num ritmo sem precedentes", afirma no relatório o diretor geral da WWF Internacional, Marco Lambertini, ressaltando que isso diz respeito não apenas às populações de animais, mas também à biodiversidade que se constitui da base de florestas, rios e oceanos saudáveis."Acabar com as espécies e com os ecossistemas fará com que entrem em colapso também os serviços que eles nos fornecem, como o ar, água, alimentos e a regulação do clima."O texto sugere soluções para amenizar o impacto da atividade humana no planeta, alterando as formas de produção e consumo dos alimentos enquanto garante a alimentação mundial de modo sustentável.Pesquisas de diversas instituições citadas no relatório apontam que a humanidade utiliza recursos de 1,6 planeta para fornecer os produtos e serviços que consumimos a cada ano."Sexta extinção"O WWF sugere que, nas atuais circunstâncias, devemos "repensar a forma como produzimos e consumimos" e também "medir o sucesso e valorizar o ambiente natural".A esperança, segundo os autores do estudo, está na "mudança urgente do sistema, do comportamento individual, das empresas e dos governos", além dos exemplos sobre a gestão de recursos naturais ou os recentes acordos globais sobre as alterações climáticas, em particular a Agenda para o desenvolvimento sustentável 2030."Sabemos o que é preciso para construir um planeta fortalecido para as gerações futuras, só precisamos é agir de acordo com esse conhecimento", afirma Marco Lambertini.O Planeta Vivo 2016, principal publicação bianual do WWF, acompanhou mais de 14 mil populações de vertebrados de mais de 3,7 mil espécies, entre 1970 e 2012.O relatório utiliza o Índice do Planeta Vivo, criado pela Sociedade Zoológica de Londres, que acompanha as tendências da vida selvagem e revela de que modo ocorre a diminuição das populações de animais. O estudo conclui que o planeta está entrando num "território completamente inexplorado na sua história", onde a humanidade "molda as mudanças na Terra".O texto se refere ainda a "uma possível sexta extinção em massa", num período que os pesquisadores designam como Antropoceno – o período geológico onde os humanos se tornaram o principal fator de transformação no planeta.RC/lusa/ap/rtr