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Coreia do Norte diz ser vítima de terrorismo estatal

O ditador norte-coreano Kim Jong-un (de óculos) - KCNA via AFP
O ditador norte-coreano Kim Jong-un (de óculos) Imagem: KCNA via AFP

09/05/2017 07h16

Após prender dois americanos, país comunica detenção de norte-coreano que teria sido agenciado por Estados Unidos e Coreia do Sul para assassinar o ditador Kim Jong-un.

Depois de prender dois professores universitários americanos e expor o que seria um complô elaborado pela CIA para assassinar o ditador Kim Jong-un, a Coreia do Norte reivindicou ser vítima do terrorismo patrocinado pelo Estado – por parte da Casa Branca.

A mídia estatal do país comunicou a detenção de um homem que teria sido agenciado por EUA e Coreia do Sul para executar um ataque químico contra o líder norte-coreano. A acusação de Pyongyang ocorre em meio a considerações dos Estados Unidos de recolocar a Coreia do Norte em sua lista de patrocinadores do terror.

A detenção relatada de um "senhor Kim" – o homem norte-coreano supostamente no centro do plano de assassinato – é sombria. Segundo relatos da mídia estatal, ele é um morador de Pyongyang que foi "corrompido ideologicamente e subornado" pela CIA e pelo Serviço de Inteligência da Coreia do Sul (NIS) enquanto trabalhava numa indústria de madeira na Sibéria em 2014. O extremo oriental russo é um dos poucos locais onde trabalhadores norte-coreanos são autorizados a trabalhar no exterior.

O relato afirmou que Kim – seu nome completo não foi fornecido – foi convertido num "terrorista cheio de repugnância e vingança contra a liderança suprema" da Coreia do Norte e colaborou em um complicado plano para assassinar Kim Jong-un numa série de eventos, incluindo uma grande parada militar realizada no último mês.

A mídia estatal alegou que Kim esteve em contato frequente por meio de comunicações via satélite com os "demônios assassinos" do NIS e da CIA, que o instruíram a usar uma substância bioquímica que é de "know-how da CIA" e que os materiais seriam fornecidos pela Coreia do Sul.        

No domingo, a mídia estatal norte-coreana anunciou que um homem de etnia coreana com cidadania americana foi "interceptado" há duas semanas por autoridades por atos hostis não especificados contra a Coreia do Norte. Ele foi identificado como Kim Hak-song, um funcionário da Universidade de Ciência e Tecnologia de Pyongyang.

O incidente ocorreu poucos dias depois que a Coreia do Norte anunciou a detenção de um instrutor de contabilidade na mesma universidade, Kim Sang-dok, também cidadão americano, por "atos de hostilidade destinados a derrubar" o país. O local de trabalho de ambos é a única universidade privada na Coreia do Norte e tem um grande número de professores estrangeiros, incluindo americanos.

Quais conexões – caso haja alguma – as prisões têm com o alegado complô é desconhecido. Mas as detenções elevam para quatro o número de cidadãos americanos sob custódia na Coreia do Norte. "Obviamente, isso é preocupante", disse o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer. "Estamos bem conscientes disso e trabalharemos por meio da embaixada da Suécia, por meio de nosso Departamento de Estado, para buscar a libertação dos indivíduos." A Suécia lida com assuntos consulares dos EUA na Coreia do Norte, incluindo os dos detidos americanos.

Os outros detidos são Otto Warmbier, que cumpre uma pena de 15 anos de prisão com trabalhos forçados por supostos atos antiestatais – ele alegadamente tentou roubar um cartaz de propaganda em um hotel– e Kim Dong-chul, que cumpre pena de dez anos de prisão com trabalhos forçados por suposta espionagem.