Rússia dá sobrevida à economia venezuelana com reparcelamento de dívida
Moscou proporciona alívio ao Estado venezuelano com acordo de reparcelamento de mais de US$ 3 bilhões de dólares em dívidas. Em grave crise, país tem que restruturar seus débitos externos, que pasam de 150 bilhões
A Rússia proporcionou um alívio financeiro à Venezuela com a assinatura de um acordo de reestruturação de uma dívida de mais de 3 bilhões de dólares de Caracas perante Moscou.
A assinatura ocorreu quarta-feira (15/11), pouco depois de a agência de qualificação de risco Standard & Poor's ter declarado que a dívida da Venezuela entrou em situação de "default seletivo" – quando um devedor deixa de pagar parte de sua dívida.
A Venezuela busca reestruturar suas dívidas externas, estimadas em cerca de 150 bilhões de dólares – o país entrou em crise econômica depois da queda dos preços de petróleo e da imposição de sanções americanas, em meio a uma política econômica tida como desastrosa do chavismo.
Uma delegação liderada pelo ministro das Finanças da Venezuela, Simón Zerpa, assinou o acordo que reestrutura 3,15 bilhões de dólares de dívidas contraídas em 2011 para financiar a compra de armas russas.
Segundo comunicado do Ministério do Exterior venezuelano, Caracas quitará o montante devedor ao longo de 10 anos, com um volume mínimo de pagamentos nos primeiros seis anos.
"A redução do peso da dívida [...] permitirá a utilização de fundos para desenvolver a economia do país, melhorar a solvência do devedor e aumenta as chances de todos os credores recuperarem empréstimos já realizados", diz parte do comunicado no site do ministério.
"Estes são termos muito favoráveis e que a Venezuela pode honrar. Este acordo fortalece as relações entre os nossos dois países", afirmou o vice-presidente venezuelano da Economia, Wilmar Castro Soteldo, em coletiva em Moscou.
No final de 2011, a Rússia concedeu à Venezuela um crédito no valor de 4 bilhões de dólares para a compra de armamento, que Caracas pagou sem problemas até março de 2016, quando começaram os atrasos.
"É um alívio, mas apenas um pequeno desafogo", disse o economista venezuelano Orlando Ochoa à agência de notícias AFP. "Não altera o contexto, não ajuda a estabilizar a economia ou aumentar substancialmente sua capacidade de pagamento."
Abalada por uma severa crise econômica, a Venezuela sofreu um revés na quarta-feira depois que agências de risco rebaixaram e colocaram o país em "default seletivo". Nesta semana, a Venezuela deixou de quitar 200 milhões de dólares em pagamentos em duas questões de bônus globais (bonds). A Standard & Poor's afirmou ter colocado a petrolífera estatal PDVSA em inadimplência seletiva por não ter efetuado pagamentos de juros sobre parte de sua dívida. A agência Fitch também rebaixou a PDVSA.
Em resposta à desclassificação por parte das agências de rating, o ministro das Comunicações, Jorge Rodríguez, garantiu que a Venezuela está recuperando os pagamentos. "Hoje iniciamos pagamentos de juros sobre a dívida externa da Venezuela e, na semana passada, a PDVSA efetuou pagamentos de juros de sua dívida", disse em transmissão da televisão estatal.
"Nós pagamos nossas dívidas, apesar do que as agências de qualificação, o Tesouro dos EUA, a União Europeia ou [o presidente dos EUA] Donald Trump dizem", concluiu.
Caracas possui apenas 9,7 bilhões de dólares em reservas internacionais (o Brasil tem 380 bilhões de dólares) e precisa quitar ao menos 1,47 bilhão de dólares em juros sobre vários bonds até o final deste ano e, em seguida, cerca de 8 bilhões de dólares em 2018. Rússia e China são os dois principais credores e aliados da Venezuela, que lhes deve estimados 8 e 28 bilhões de dólares, respectivamente.
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