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Príncipe herdeiro saudita diz que Israel tem direito de existir

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Imagem: FAYEZ NURELDINE/AFP

03/04/2018 04h49

Declaração dada a revista americana indica aproximação dos dois países, há décadas inimigos na região, mas que agora veem crescente influência do Irã como ameaça comum.

O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, disse que os israelenses têm o direito de viver pacificamente em sua própria terra . A declaração foi dada durante uma entrevista publicada nesta segunda-feira pela revista americana The Atlantic e é mais um sinal de que os laços entre Riad e Tel Aviv aparentam estar mais próximos.

Perguntado se acredita que o povo judeu tem o direito a um Estado-nação em ao menos parte de sua terra ancestral, Bin Salman disse, segundo a revista: "Acredito que palestinos e israelenses têm direito a suas próprias terras. Mas nós temos que chegar a um acordo pacífico para garantir a estabilidade para todos e para termos relações normais."

A Arábia Saudita – berço do Islã e lar de seus locais mais sagrados – não reconhece Israel. O país tem afirmado há décadas que a normalização de relações depende da retirada dos israelenses de terras árabes capturadas nas sucessivas guerras travadas na região, territórios que palestinos buscam para um futuro Estado.

"Nós temos preocupações religiosas sobre o destino da mesquita sagrada em Jerusalém e sobre os direitos do povo palestino. Isto é o que nós temos. Nós não temos nenhuma objeção contra qualquer outro povo", disse o príncipe Mohammed, que está viajando pelos EUA para angariar investimentos e apoio a seus esforços para conter influência iraniana.

Na mesma entrevista, o príncipe também atacou os iranianos e comparou o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, com o ditador nazista Adolf Hitler.

“Acredito que o líder supremo iraniano faz Hitler parecer bem. Hitler não fez o que o líder supremo está tentando fazer. Hitler tentou conquistar a Europa. O líder supremo está tentando conquistar o mundo ”, disse.

Uma tensão crescente entre Teerã e Riad tem alimentado especulação de que interesses comuns podem fazer com que Arábia Saudita e Israel trabalhem juntos novamente contra o que veem como uma ameaça iraniana.

"Israel é uma grande economia, comparada com a dimensão do país, e é uma economia em crescimento. É normal que haja uma porção de interesses que compartilhamos com Israel. Caso haja paz, haverá muitos interesses entre Israel e os países do Conselho de Cooperação do Golfo", acrescentou.

A Arábia Saudita abriu seu espaço aéreo no mês passado pela primeira vez para um voo comercial com destino a Israel, gesto que foi saudado pelo governo israelense.