TVs dos EUA, incluindo Fox News, se recusam a veicular anúncio de Trump apontado como racista
CNN, NBC, Fox News e Facebook se recusam a veicular comercial de campanha anti-imigração que utiliza imagens de mexicano condenado por assassinar policiais. Propaganda mira eleições legislativas nos EUA.
Algumas das principais emissoras americanas anunciaram nesta segunda-feira (05/11) que se recusaram a continuar veiculando um anúncio de campanha do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, considerado por muitos críticos como racista.
O anúncio de 30 segundos é voltado para influenciar os eleitores antes das eleições legislativas americanas nesta terça-feira. Ele mostra o julgamento de um imigrante ilegal mexicano condenado pela morte de dois policiais em 2014. No vídeo, o acusado, sorridente, afirma que lamenta ter assassinado apenas dois policiais e assegura que fugirá da prisão para provocar novas mortes. Ao final, uma legenda diz que "os democratas deixaram que ele ficasse" no país.
O anúncio, financiado pela campanha para a reeleição de Trump em 2020, mostra também uma grande massa de pessoas tentando romper uma cerca e forçar a passagem, supostamente, em um centro de controle de fronteira, e termina com a afirmação de que o presidente e os republicanos estão "fazendo a América segura novamente".
A propaganda, que começou a circular na internet na semana passada, foi rejeitada pelas redes CNN, NBC e até pela conservadora Fox News, além do Facebook. Alguns membros do Partido Republicano também condenaram o vídeo, dizendo que pode gerar divisões raciais.
Ao ser indagado se o anúncio poderia ser considerado ofensivo, Trump respondeu aos jornalistas: "Muitas coisas são ofensivas, suas perguntas são muitas vezes ofensivas também". O presidente vem reforçando sua retórica anti-imigração nos últimos dias, com o objetivo de mobilizar a base republicana e gerar medo nos eleitores.
"É lamentável o que os democratas estão fazendo com o nosso país", disse Trump ao postar o controverso anúncio em seu perfil no Twitter, pedindo o voto em candidatos republicanos.
As eleições desta terça-feira são amplamente vistas como um referendo sobre a presidência de Trump e poderá resultar numa transformação do cenário político do país com um possível avanço democrata no Congresso. O grande comparecimento às urnas no início da votação parece confirmar as previsões sobre a possibilidade de um número recorde de eleitores para uma eleição de meio de mandato, num país onde o voto não é obrigatório.
É possível que o anúncio tenha sido visto por mais pessoas do que se tivesse continuado a ser veiculado. A rede NBC o transmitiu no intervalo comercial de um jogo de futebol americano, que rendeu uma das maiores audiências da história da emissora. O canal foi também o primeiro a afirmar que iria interromper a veiculação do vídeo.
Um porta-voz do Facebook disse que a circulação inicial do anúncio em sua plataforma foi um erro, e que viola os princípios da empresa em relação a conteúdos sensíveis. Entretanto, a rede social não impede a postagem do vídeo por parte dos usuários.
O chefe da campanha de Trump, Brad Pascale, disse que as emissoras e a rede social "decidiram apoiar os que entram ilegalmente no país" e alertou – sem incluir a Fox News, que costuma apoiar Trump e os republicanos – que a imprensa tenta controlar o que as pessoas veem e pensam.
Donald Trump Jr. comentou através do Twitter a decisão da CNN de não veicular o anúncio. "Deve ser porque apenas passam notícias falsas e não falam sobre as ameaças reais que não estão de acordo com sua agenda", criticou.
A CNN, também através do Twitter, afirmou ter deixado "extremamente claro" durante suas transmissões que o comercial é racista e que o rejeitou sempre que a campanha republicana tentou comprar espaço de propaganda na emissora.
Pesquisas de opinião sugerem que os democratas deverão conquistar o mínimo de 23 cadeiras na Câmara dos Representantes que os permitiria barrar propostas de Trump e investigar as ações do governo. Segundo os levantamentos, os republicanos deverão manter uma maioria apertada no Senado.
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