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Maduro suspende diálogo com oposição devido a sanções dos EUA

28.jul.2019 - Líder venezuelano, Nicolás Maduro, em discurso durante o Foro de São Paulo no Palácio Presidencial de Miraflores em Caracas - Federico Parra/AFP
28.jul.2019 - Líder venezuelano, Nicolás Maduro, em discurso durante o Foro de São Paulo no Palácio Presidencial de Miraflores em Caracas Imagem: Federico Parra/AFP

08/08/2019 08h51

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou ontem a suspensão da participação do governo no processo de diálogo com a oposição em Barbados, mediado pela Noruega, por causa do apoio do líder do Parlamento, Juan Guaidó, às novas sanções econômicas aplicadas contra o país pelo governo dos Estados Unidos.

"O presidente Nicolás Maduro decidiu não enviar a delegação venezuelana nesta oportunidade em razão da grave e brutal agressão cometida de maneira contínua e astuciosa por parte do governo [de Donald] Trump contra a Venezuela", disse o governo chavista em nota.

O comunicado é uma reação de Maduro à decisão dos Estados Unidos de impor um bloqueio total aos bens do governo da Venezuela sob jurisdição americana.

A decisão foi anunciada apenas algumas horas antes do início previsto para a próxima fase de negociações, agendada para esta quinta e sexta em Barbados. Esta seria a terceira rodada de diálogo entre as partes.

A nota foi divulgada no Twitter pelo ministro de Comunicação da Venezuela, Jorge Rodríguez. No texto, o integrante do governo de Maduro indica que a equipe escolhida por Guaidó, reconhecido como presidente interino do país por mais de 50 países, entre eles o Brasil, já está em Barbados para rodada de negociação.

"Os venezuelanos notaram com profunda indignação que o chefe da delegação da oposição, Juan Guaidó, celebra, promove e apoia estas ações lesivas", afirmou o governo chavista, prometendo também revisar o processo de diálogo mediado pela Noruega.

O negociador da oposição Stalin Gonzalez tuitou de Barbados que o seu lado iria continuar "a busca de um fim da crise", visando "resgatar a nossa democracia através de eleições realmente livres".

O governo venezuelano ressaltou não estar cancelando permanentemente as conversações, mas que deseja "rever o mecanismo" do diálogo, para assegurar que este está "em harmonia com as necessidades de nosso povo".

Mais cedo, Guaidó reiterou que seguiria no processo de diálogo com Maduro apesar de compartilhar das dúvidas expressadas por alguns dos aliados internacionais da oposição.

Questionado se fazia referência às recentes declarações do assessor de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Bolton, Guaidó disse que compartilha do ceticismo não só mostrado pelo representante americano, mas também por outros países.

Segundo o opositor, também expressaram reservas às negociações em Barbados o chanceler do Peru, Néstor Popolizio, e outros integrantes do Grupo Internacional de Contato.