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Drones atacam instalações petrolíferas na Arábia Saudita

Dose Media/Divulgação
Imagem: Dose Media/Divulgação

14/09/2019 06h39

Ataques provocam grandes incêndios em refinaria e campo de petróleo da gigante estatal saudita Aramco. Dimensão dos danos e autoria de bombardeio ainda são desconhecidas.Drones atacaram neste sábado (14/09) a maior instalação de processamento de petróleo do mundo na Arábia Saudita e um grande campo de petróleo operado pela gigante estatal saudita Aramco, anunciou o Ministério do Interior do país. Os ataques provocaram um grande incêndio.

Ninguém assumiu a autoria dos ataques na refinaria em Abqaiq, e no campo de Khurais, no leste do país. O incidente ocorre em meio ao aumento de tensões regionais com o Irã. A Arábia Saudita é alvo frequente de ataques a drone promovido por rebeldes iemenitas houthis.

"Às 4h [horário local], equipes de segurança industrial da Aramco começaram a lidar com incêndios em duas de suas instalações em Abqaiq e Khurais, que foram provocados por drones. Os dois incêndios já foram controlados", afirmou um comunicado do Ministério do Interior saudita.

O comunicado destacou que uma investigação foi aberta após o ataque. O ministério não revelou a origem dos drones e nem informou se houve vítimas e se as operações das instalações foram afetadas.

A extensão dos danos não está clara. Jornalistas não foram autorizados a se aproximarem das instalações, que tiveram a segurança reforçada. Em vídeos divulgados na internet, aparentemente gravados em Abqaiq, é possível ouvir sons de tiros e ver no horizonte muita fumaça e as chamas na refinaria.

Segundo a Aramco, a refinaria em Abqaiq é a maior planta de estabilização de petróleo do mundo. A unidade processa petróleo bruto que depois será transportado, por oleodutos, para regiões no Golfo Pérsico e no Mar Vermelho. Estima-se que o local processe até 7 milhões de barris de petróleo bruto por dia.

Já o campo de Khurais produziria cerca de 1 milhão de barris de petróleo bruto por dia. Segundo a Aramco, estima-se que possa ser explorado no local mais de 20 bilhões de barris de petróleo.

Enquanto nenhum grupo assumir a autoria do ataque, a suspeita recai sobre rebeldes houthis, que são apoiados pelo Irã. Nos últimos meses, eles realizaram uma série de bombardeios fronteiriços com mísseis e drones contra bases aéreas sauditas e outras instalações no país. A ONU e países ocidentais acusam Teerã de fornecer armas ao grupo, algo que o governo iraniano nega.

No mês passado, um ataque reivindicado pelos rebeldes provocou um incêndio na refinaria de liquefação de gás natural próxima à fronteira com os Emirados Árabes. O grupo também atacou duas estações de bombeamento de petróleo no oleoduto leste-oeste do país, em maio, paralisando sua operação por vários dias.

Os bombardeiros são uma reação aos ataques aéreos conduzidos pela Arábia Saudita em regiões controladas por rebeldes no Iêmen. Desde março de 2015, os sauditas lideram uma coalizão contra os houthis, que detém, entre outros, a capital do país Sanaa. O Iêmen é o país árabe mais pobre e a guerra gerou em seu território a pior catástrofe humanitária do mundo. O conflito já deixou mais 90 mil mortos.

O ataque deste sábado deve aumentar ainda mais as tensões no Golfo Pérsico, em meio ao confronto entre Estados Unidos e Irã sobre o acordo nuclear assinado com o país árabe e as potências mundiais Inúmeros incidentes foram registrados na região nos últimos meses, com Washington e Teerã se responsabilizando mutuamente.

A crise com o Irã começou após o presidente Donald Trump ter retirado os Estados Unidos do acordo nuclear assinado em 2015 pelos dois países com a participação ainda da Rússia, da China, do Reino Unido, da França e da Alemanha.