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Extrema direita da Alemanha se arma cada vez mais

Pessoas participaram de manifestações contra festival de música neonazista na Alemanha - John MACDOUGALL/AFP
Pessoas participaram de manifestações contra festival de música neonazista na Alemanha Imagem: John MACDOUGALL/AFP

28/09/2019 12h47

Ministério do Interior registra 60% mais armas apreendidas de ultradireitistas em 2018. Criação de arsenal visaria ataques a minorias e representantes do Estado, e até mesmo uma guerra civil, estima especialista. Há indícios de que a cena de extrema direita da Alemanha esteja se armando de forma crescente. Durante a investigação de atos criminosos de motivação direitista em 2018, foram apreendidas muito mais armas de fogo do que no ano anterior. A informação consta de uma reportagem da emissora de TV ARD, com base na resposta do Ministério do Interior a um questionamento da bancada do partido A Esquerda do parlamento.

Segundo o órgão, registraram-se 563 crimes de motivação direitista, entre os quais 235 delitos violentos. No curso das investigações, a polícia recolheu 1.091 armas, o que representa um incremento de 61% em relação às 676 apreensões de 2017. Entre elas encontravam-se revólveres, rifles, armas brancas e de guerra, assim como artefatos explosivos e incendiários, e atiradeiras.

Falando ao site de notícias Tagesschau.de, o especialista em extremismo de direita Matthias Quent, do Instituto de Democracia e Sociedade Civil (IDZ, na sigla em alemão), classificou a tendência como "assustadora", indicando "um maciço armamento e criação de arsenal pela cena radical de direita".

Os utradireitistas estariam possivelmente se preparando para investidas contra minorias, opositores políticos e representantes do Estado: "Seu objetivo é intimidar a sociedade e expulsar grupos humanos. Partes dessa cena querem até mesmo a guerra civil", advertiu Quent.

Também no inquérito sobre o assassinato do governador da Hessen Walter Lübcke, conduzido pela Procuradoria Geral, com sede em Karlsruhe, foi encontrado em posse dos suspeitos um total de 46 armas de fogo.

O Ministério do Interior ressalva que "o exame criminal e classificação legal das armas ainda está em andamento", porém, numa sessão não oficial do Comitê Interno do Bundestag (câmara baixa do parlamento alemão), no fim de setembro, um representante do Ministério Público Federal confirmou que as armas foram ocultadas de forma muito profissional.

No começo de junho, o então governador de Hessen, Lübcke, foi morto com um tiro na cabeça no terraço de sua residência no município de Kassel, no norte do estado. A Procuradoria Geral alemã parte do princípio que houve motivação extremista de direita. Capturado há cerca de duas semanas, o suspeito Stephan E. inicialmente apresentou uma confissão, porém mais tarde retirou-a. Ele se encontra em prisão cautelar, sob suspeita de assassinato.

AV/afp,dpa,ots

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