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USP desenvolve teste mais eficiente para detectar zika

17/10/2019 10h31

Novo método que já está disponível tem especificidade de 92% e reduz significativamente probabilidade de erro em resultados, além de identificar infecções passadas. Pesquisa foi realizada com recursos públicos.O Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo desenvolveu um novo teste para identificar a infecção vírus da zika. O novo método identifica a doença com uma maior precisão do que os exames até então disponíveis e já está sendo usado em laboratórios clínicos.

Os testes antigos tinham uma especificidade de 75% e costumavam confundir o vírus da zika com a dengue. Com uma especificidade de 92%, o novo método praticamente elimina a confusão com vírus similares.

Os pesquisadores da USP primeiro identificaram uma proteína especifica do vírus, chamada Delta-NS1, que não aparece na dengue. A partir foi desenvolvido um teste com base nesta molécula, reduzindo significativamente a probabilidade de erro nos resultados.

"O maior problema para chegar a esse tipo de teste era a grande semelhança entre as proteínas do vírus da zika e as da dengue. Era muito difícil separar um do outro", contou ao jornal Folha de S.Paulo o virologista Edison Luiz Durigon, um dos pesquisadores da USP envolvidos no estudo.

Depois de ter a eficácia comparada em mais de 3.000 exames, o novo teste já foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e os kits diagnósticos estão sendo produzidos pela empresa AdvaGen Biotech, de Itu, em São Paulo e devem custar entre 20 e 30 reais a unidade.

O teste identifica o vírus no sangue a partir de entre 15 e 20 dias após a infecção e consegue inclusive detectar infecções passadas e fica pronto em três horas e meia. Atualmente, um teste genético é realizado para o diagnóstico da doença.

Pesquisadores acreditam que o exame poderá facilitar o acompanhamento de gestantes na prevenção da microcefalia. "Se a gestante tiver zika o teste acusará. E aí se muda a conduta médica, com a possibilidade de acompanhar essa criança para que ela seja conduzida a um padrão normal na infância e adolescência", afirmou Durigan à Agência Brasil.

A pesquisa foi desenvolvida com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Os pesquisadores trabalham agora, em parceria com o Instituto Butantan, no desenvolvimento de uma vacina contra o zika.

Em 2016, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde brasileiro declararam a epidemia de zika uma emergência sanitária, após um aumento de casos de microcefalia em recém-nascidos relacionados com a infecção pelo vírus.

O número de casos de zika vem diminuindo nos últimos anos. No entanto, o Brasil ainda teve 8.680 diagnósticos em 2018 (em 2017 foram 17.593), com maior incidência nas regiões Norte e Centro-Oeste. O vírus é transmitido principalmente por picadas de mosquito, mas também durante a relação sexual desprotegida e de mãe para filho, na gestação.

CN/abr/ots

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