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Supermercados britânicos ameaçam boicotar Brasil por 'MP da grilagem'

Estrada aberta dentro da Floresta Nacional do Jamanxim, área de reserva ambiental dominada por conflitos agrários, grilagem de terras, garimpos e extração de madeira - Joao Laet / The Guardian
Estrada aberta dentro da Floresta Nacional do Jamanxim, área de reserva ambiental dominada por conflitos agrários, grilagem de terras, garimpos e extração de madeira Imagem: Joao Laet / The Guardian

20/05/2020 11h43

Em carta aberta aos parlamentares em Brasília, Tesco, Sainsbury's, Morrisons, Marks & Spencer e outros afirmam que podem não comprar mais do Brasil se polêmica lei de regularização fundiária for aprovada.

As principais redes de supermercados do Reino Unido ameaçaram hoje boicotar produtos brasileiros se o Congresso Nacional aprovar a polêmica lei de regularização fundiária, conhecida como "MP da grilagem" e recentemente convertida em projeto de lei.

Em carta aberta aos senadores e deputados em Brasília, os cerca de 40 signatários afirmam estar profundamente preocupados com a medida provisória editada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no fim de 2019 e que poderá ser votada ainda nesta quarta-feira.

Assinam a carta algumas das redes de supermercados mais importantes do Reino Unido, como Tesco, Sainsbury's, Morrisons e Marks & Spencer, além da rede Burger King, do fundo público de pensões sueco AP7 e de outras empresas de gestão de investimentos.

"Se a medida for adotada, isso fomentaria ainda mais a apropriação de terras e o desmatamento em grande escala, o que colocaria em risco a sobrevivência da Amazônia" e os objetivos climáticos do Acordo de Paris, afirmam os signatários.

"Acreditamos que também colocaria em risco a capacidade de empresas como as nossas de seguir comprando do Brasil", acrescentam.

À época da publicação da medida, governo e entidades do agronegócio afirmaram que ela aceleraria a concessão de títulos para pessoas que já estão nas terras e que, segundo eles, poderiam produzir mais, com mais acesso a crédito. Mas, para ONGs e instituições ambientalistas, as regras premiam quem invadiu e derrubou florestas ilegalmente em áreas públicas.

Há cerca de uma semana, a MP 910 foi transformada em projeto de lei pelo deputado Zé Silva (Solidariedade-MG) e poderá ser votada ainda nesta quarta-feira. Apesar de alterações, ambientalistas afirmam que a essência do projeto continua sendo a mesma.