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Disputa por terras entre indígenas e fazendeiros deixa um morto na Bahia

Caminhão que passava com trabalhadores na zona rural de Pau Brasil, sul da Bahia, teria sido incendiado por índios Pataxós - Joá de Souza/Agência A Tarde/AE
Caminhão que passava com trabalhadores na zona rural de Pau Brasil, sul da Bahia, teria sido incendiado por índios Pataxós Imagem: Joá de Souza/Agência A Tarde/AE

21/04/2012 19h10

Rio de Janeiro, 21 abr (EFE).- Um homem foi encontrado morto por um tiro neste sábado na Bahia, onde uma tribo indígena enfrenta fazendeiros locais pelo controle de terras, informaram fontes da Polícia Federal.

A vítima foi identificada como Julio César Passos Silva, de 31 anos, e era empregado de um sítio em Pau Brasil, no sul do estado. Na última sexta-feira, índios e pistoleiros se enfrentaram no local, segundo o comissário da PF, Alex Cordeiro, citado pelo site do jornal "Folha de S. Paulo".

A Polícia acredita que Silva morreu na sexta, vítima de um tiro na nuca, embora seu corpo tenha sido achado neste sábado pelas autoridades e empregados do sítio.

Na sexta, o índio Ivanildo dos Santos, de 29 anos, foi ferido por um tiro na perna enquanto pescava em uma fazenda tomada por empresários rurais e depois foi internado em um hospital da cidade de Itabuna.

Nas últimas semanas os índios pataxó hã hã hãe tomaram o controle de dezenas de fazendas na região em reivindicação das terras, que dizem pertencer a seus antepassados. Um chefe indígena disse hoje que os fazendeiros recuperaram o controle de duas granjas em uma operação violenta realizada na madrugada passada com a ajuda de pistoleiros, informou a publicação "A Tarde" em seu site.

A disputa de terras na região se remonta à década de 30, quando o Governo nacional criou uma reserva indígena para os pataxós. No entanto, nos anos seguintes, o estado da Bahia concedeu os títulos das propriedades aos fazendeiros, que deslocaram os índios.

A região, conhecida pelos indígenas como "Caramuru Paraguassu", possui 540 quilômetros quadrados e ocupa os municípios de Pau Brasil, Itaju do Colônia e Camacan, segundo dados da Fundação Nacional do Índio.

Em 2008, o conflito chegou Supremo Tribunal Federal, que suspendeu as deliberações pelo falecimento de um magistrado, mas agora se dispõe a retomar o julgamento.

O grupo de senadores brasileiros que defendem os interesses dos grandes empresários rurais solicitou, na quarta passada, o apoio do Governo no confronto. A senadora Katia Abreu (PSD), presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), acusou os índios de invadir 68 fazendas e de destruir plantações de eucalipto e de cacau.