Começa julgamento que pode levar a impeachment do presidente do Paraguai

Em Assunção

O julgamento político do presidente do Paraguai, Fernando Lugo, começou nesta quinta-feira (21) por volta das 18h15 locais (19h15 de Brasília) com a apresentação da acusação de cinco deputados que atuam como "promotores".

Os "promotores" consideram que o governante incorreu em mau desempenho de suas funções ao permitir a realização de um comício político dos grupos de esquerda que integram a coalizão governamental entre os dias 6 e 10 de maio de 2009 na sede do Comando de Engenharias das Forças Armadas.

Esse foi um "ato de natureza netamente política" que foi aprovado pelo governo, declarou López Chávez.

O deputado liberal Jorge Ávalos teve a incumbência de apresentar a acusação contra Lugo sobre o conflito que envolve os sem-terras, que exigem ao Estado a entrega de uma fazenda, propriedade do brasileiro Tranquilo Favero - o maior produtor de soja individual do país.

"O único instigador de invasões de terras na região de Ñacunday é Fernando Lugo", que demonstra uma "conduta de cumplicidade", segundo Ávalos.

"Enquanto essas invasões aconteciam o presidente se mostrava de portas abertas aos líderes das invasões", ressaltou.

Já Carlos Liseras, do Partido Colorado, encaminhou a acusação sobre a onda de insegurança que afeta o país e lembrou os rumores da suposta vinculação do chefe de Estado com grupos que promovem o Exército do Povo Paraguaio (EPP), ao qual a procuradoria atribui sequestros e assassinatos de policiais.

O também "colorado" Clemente Barrios acusou o presidente de ter apoiado o Protocolo Ushuaia II do Mercosul, instaurado no dia 20 de dezembro de 2010 em Montevidéu, sem consentimento do Congresso.

"O protocolo Ushuaia II atenta contra a democracia e ampara alguns governantes que atualmente exercem o poder violentando os pilares de uma democracia", denunciou.

Finalmente, o deputado Óscar Tuma, também do Unace, apresentou as alegações sobre o massacre em Curuguaty e advertiu que foi uma emboscada contra as forças de segurança.

Os cinco "promotores" levaram apenas meia hora no total para apresentar sua acusação.