Lugo descarta renunciar e diz que se submeterá a julgamento político

Assunção, 21 jun (EFE).- O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, negou nesta quinta-feira que pretenda renunciar ao cargo, e disse em mensagem à nação que se submeterá ao "julgamento político" promovido pelo Congresso "com todas as suas consequências".

Lugo disse que vai "honrar a vontade das urnas" e evitar que "mais uma vez na história da República um fato político tire privilégio e soberania da suprema decisão do povo".

"Em relação a este desafio, este presidente anuncia que não vai renunciar ao cargo e se submete, com absoluta obediência à Constituição e às leis, a enfrentar o julgamento político com todas as suas consequências", acrescentou.

Com apenas o voto contra de uma deputada do partido de esquerda Frente Guazú e 76 a favor, os deputados aprovaram hoje o início do procedimento constitucional que pode levar ao impeachment do presidente. A proposta será agora submetida a votação no Senado.

Os deputados consideraram que Lugo é responsável pela morte de seis policiais e 11 trabalhadores rurais sem-terra em um confronto armado durante uma operação de reintegração de posse que aconteceu no último dia 15 em uma fazenda da cidade de Curuguaty, no nordeste do país, perto da fronteira com o Brasil.

Lugo substituiu a cúpula da polícia, mas, devido a uma avalanche de críticas por sua gestão do caso, anunciou nesta quarta-feira que será formada por uma comissão especial, com apoio da Organização dos Estados Americanos (OEA), para investigar o ocorrido sem a "turbulência" dos interesses políticos, econômicos e setoriais que cercam o caso.

Para o presidente, "neste momento sensível para a vida democrática da República", com a tensão como "elemento dominante", "dá a impressão de que se abandona o comedimento e a reflexão para utilizar o tambor batente para escrever a História". Lugo também pediu ao Parlamento que lhe ofereça "toda a garantia de uma justa defesa" durante o processo.

Após a mensagem de Lugo, as Forças Armadas emitiram um breve comunicado no qual garantiram o respeito à "ordem constitucional e democrática vigente".

"As Forças Armadas se mantêm dentro de sua função específica que lhe são conferidas pela Constituição e as leis", diz a mensagem.

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