Julgamento da esposa de ex-líder político chinês termina sem veredicto

Pequim, 9 ago (EFE).- A aguardada audiência contra Gu Kailai, esposa de um dos mais populares líderes da política chinesa da última década, Bo Xilai, terminou nesta quinta-feira sem veredicto e sem que a acusada rejeitasse a acusação de homicídio.

O porta-voz do tribunal, Tan Yigan, informou em entrevista coletiva que, durante a audiência, Gu "não mostrou objeções" à acusação por "assassinato premeditado" do empresário britânico Neil Heywood, um amigo da família morto em novembro do ano passado.

Durante o julgamento, no qual também estava sendo processado o assistente da família, Zhang Xiaojun, o tribunal exibiu as provas e a acusada confirmou sua veracidade, disse Tan.

Na audiência, acrescentou o porta-voz, Gu foi identificada como a autora intelectual do assassinato e Zhang como executor.

A esposa do deposto chefe do Partido Comunista da China na cidade de Chongqing, Bo Xilai, aparentava estar em "um bom estado de saúde", indicou o porta-voz.

Segundo a versão do tribunal exposta por Tan, Gu e seu filho, Bo Guagua, mantinham disputas com Heywood por motivos econômicos. Preocupada com ameaças do empresário contra a segurança de seu filho, Gu decidiu assassiná-lo.

Após convidar o empresário a comparecer a Chongqing, onde Bo Xilai era então chefe local do Partido Comunista, na noite do dia 13 de novembro, ela e Zhang foram ao hotel onde Heywood estava hospedado para tomar alguns drinques.

De acordo com esta versão, ao sentir-se bêbado o empresário pediu água, momento que Gu aproveitou para preparar um veneno que Zhang tinha levado ao hotel e que causou a morte de Heywood.

"Está claro que sua atuação (de Gu e Zhang) viola o direito penal e têm responsabilidades", ressaltou.

Embora pareça claro que o veredicto será de culpabilidade, as autoridades do tribunal apontaram que a sentença não será divulgada por enquanto e anunciaram um recesso sem data definida para sua retomada.

Também indicaram que amanhã mesmo será aberto um julgamento contra quatro agentes da polícia de Chongqing acusados de ter encoberto Gu nos meses após a morte de Heywood.

Os líderes políticos chineses desejam um final rápido, e o mais discreto possível, para aquele que foi o pior escândalo nas altas esferas de poder do país na última década, e que explodiu quando a China se preparava renovar a cúpula do Partido Comunista.

Antes de cair em desgraça, era certo que Bo Xilai, um dos políticos mais populares do país, seria um dos novos integrantes do Comitê Permanente do Politburo, o órgão de direção colegiada do partido.

Os analistas preveem que a condenação será a morte - o homicídio é um dos crimes castigados com a pena capital na China -, mas de forma reversível, uma figura legal que permite comutar essa sentença por uma de prisão perpétua se o réu demonstrar bom comportamento durante um período determinado.

Por isso, consideram fundamental que no julgamento se tenha alegado que Gu atuou para proteger seu filho, um argumento que o tribunal poderá usar se optar por evitar a pena máxima.

O julgamento de hoje aconteceu sem a presença da imprensa estrangeira, "por falta de espaço" segundo indicou o tribunal. À audiência a portas fechadas foi permitido o acesso de dois diplomatas britânicos.

O escândalo explodiu no último mês de fevereiro quando Wang Lijun, vice-prefeito de Chongqing e braço direito de Bo, pediu asilo no consulado dos Estados Unidos na cidade de Chengdu.

Ali Wang (que também pode ser executado se for condenado por traição ao Partido Comunista) denunciou, supostamente, a má conduta de Bo e os vínculos de Gu com a morte de Heywood, amigo da família.

No dia 10 de abril, Gu e Zhang foram declarados "altamente suspeitos" da morte do inglês.

Então, e de forma quase simultânea, também foi revelada a suspensão de Bo Xilai do Politburo e do Comitê Central do Partido Comunista por "supostas irregularidades", sem vincular os casos.

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