Israel reconhece que matou dirigente palestino em 1988, diz jornal

Jerusalém, 1 nov (EFE).- Pela primeira vez de forma oficial, Israel reconheceu que esteve por trás do assassinato do dirigente palestino Abu Jihad, ocorrido em 1988, em uma ação de seus serviços secretos na Tunísia, informa nesta quinta-feira o jornal "Yedioth Ahronoth".

Em um testemunho censurado há anos e divulgado apenas agora, após seis meses de batalha legal por parte do jornal, a censura israelense permitiu divulgar informação em primeira pessoa sobre a operação que matou o então número 2 da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).

"Abu Jihad estava relacionado com ato horrendos contra civis", disse ao jornal há 12 anos um dos oficiais israelenses em campo, Nahum Lev, falecido em 2000 em um acidente de trânsito e cujo testemunho ficou desde então sob censura oficial.

Lev liderou o pelotão de reconhecimento da Unidade de Elite da Marinha (Shayetet 13) que foi à Tunísia, onde era esperado por agentes do Mossad que seguiam os passos do dirigente palestino.

A revogação da censura representa o reconhecimento de fato do assassinato por Israel, segundo o jornal.

Abu Jihad era o nome de guerra usado por Khalil al Wazir, braço-direito de Yasser Arafat, e que era acusado por Israel de alguns dos atentados mais sangrentos contra civis e militares israelenses nos anos 1970 e 1980.

Foi ele quem, segundo os serviços secretos israelenses, dirigiu em 1978 o atentado em uma estrada litorânea perto de Tel Aviv que matou 37 israelenses que viajavam em um ônibus público.

Dez anos depois, foi atribuído a ele um ataque parecido contra um ônibus que transportava funcionários de uma usina nuclear no deserto do Neguev, no qual morreram três agentes de segurança da instalação.

O dirigente palestino, que estava entre os fundadores do movimento Fatah e tinha conseguido diluir as divergências entre as diversas facções palestinas após a saída da OLP do Líbano, em 1982, até engrenar a primeira Intifada na Cisjordânia e em Gaza, foi assassinado no segundo andar de sua casa.

Sobre as incontáveis especulações sobre como ele morreu, entre elas a de se dormia no momento ou a de se sua mulher presenciou os fatos, Lev conta que ele mesmo tinha escolhido a pessoa que devia fazer o disparo fatal e que "parecia que ele tinha uma pistola na mão".

"Depois eu desferi uma rajada nele, tomando cuidado para não ferir sua mulher, que estava no local. Ele estava morto. Outros soldados se certificaram atirando de novo", explicou.

As diversas versões desde então coincidem que Abu Jihad recebeu dezenas de disparos - segundo algumas, até 1970.

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