Martin Luther King estará "presente" na posse de Barack Obama

Jorge A. Bañales.

Washington, 17 jan (EFE).- Barack Obama jurará seu cargo como presidente dos Estados Unidos na segunda-feira sobre uma Bíblia que pertenceu ao líder dos direitos civis Martin Luther King, cuja memória estará muito presente em todas as cerimônias que rodeiam a posse.

O ato solene em frente ao Capitólio coincide com a festividade que anualmente lembra Luther King, e ocorre meio século depois de seu mais famoso discurso, feito em 18 de agosto de 1963 em Washington e no qual o líder disse que tinha um sonho: um futuro sem racismo.

Ainda mais do que em 2009, quando Obama assumiu como primeiro presidente negro dos Estados Unidos, a questão dos direitos civis e a figura de Martin Luther King estão presentes em todas as cerimônias de posse.

No sábado, Obama e sua esposa Michelle, ao lado do vice-presidente Joseph Biden e sua esposa Jill, participarão como voluntários em eventos de caráter beneficente, como parte da "jornada de serviço", que o presidente e sua famíliam promovem em homenagem a Luther King.

Obama tinha dois anos e vivia no Havaí, sua cidade natal, quando em 1963, nas escadarias do monumento a Abraham Lincoln em Washington, Luther King fez seu histórico discurso, no qual expressou sua esperança de que as pessoas fossem não "julgadas pela cor de sua pele mas pelo seu caráter".

Obama não tinha completado ainda oito anos e frequentava a escola primária na Indonésia quando em 1968 as balas de um atirador branco mataram Martin Luther King em Memphis, no Tennessee, para onde ele tinha ido para apoiar uma greve de lixeiros.

Filho de pai africano e de mulher branca americana, Obama passou uma infância e adolescência longe da turbulência racial nos EUA nos anos 60, e não se enquadra no estereótipo do militante negro, e justamente por isso encarna o sonho de Luther King de um pós-racismo.

"É em função daquela visão esperançosa, da imaginação moral de King que começaram a cair as barreiras e o preconceito racial começou a se enfraquecer", disse Obama em agosto de 2011, quando inaugurou em Washington um monumento em memória do líder dos direitos civis.

"Foram abertas novas oportunidades para toda uma geração", acrescentou então Obama, cuja educação inclui a graduação como advogado e sua escolha como o primeiro editor negro da tradicional revista "Harvard Law Review".

Após um século de segregação, ataques violentos de brancos em bairros de negros, brutalidade policial e linchamentos, as lutas de Luther King e de milhares de ativistas menos conhecidos levaram em 1965 a promulgação de uma Lei de Direito do Voto.

Em janeiro de 2009, durante sua primeira cerimônia de posse, diante mais de 1,5 milhão de pessoas e da atenção mundial, Obama falou como presidente de "todos os americanos" e enfatizou a igualdade de todas as pessoas.

Na cerimônia deste ano ocorrerá uma reconexão com o passado de violência racial que segue presente: a invocação espiritual da cerimônia será feita por Myrlie Evers Williams, ex-presidente da Associação Nacional para o Avanço do Povo de Cor (NAACP), a primeira mulher e pessoa laica à frente do organismo.

Obama não tinha completado dois anos de idade quando em junho de 1963, em Jackson, no Mississipi, um membro da Ku Klux Klan assassinou o marido de Myrlie, Medgar Evers, um proeminente militante dos direitos civis.

Mas apesar da esperança gerada pela eleição de Obama, em 2008, e sua reeleição, em 2012, o certo é que sua chegada à Casa Branca estimulou também o crescimento de variadas milícias brancas, regionalistas, antigovernamentais, neonazistas e racistas.

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